Saltar para:
Post [1],
Pesquisa e Arquivos [2]
Henrique Raposo
![]()
(...) as lunáticas reacções do ambientalismo ao tsunami. Lunáticas, não. Obscuras. Obscurantistas. Por exemplo, com aquela inteligência juvenil que está a marcar o seu crepúsculo, o dr. Mário Soares tentou relacionar a "mão incompetente e desastrada do Homem" com o tsunami. De igual modo, Steffan Nilsson, presidente de um fórum catita chamado Comité Económico e Social Europeu (CESE), estabeleceu uma relação de causa/efeito entre o aquecimento global e o tsunami. Aquele maremoto, diz-nos Nilsson, foi um sinal da Mãe Natureza. Ou seja, o sr. Nilsson acha que a Mãe Natureza está zangada com a humanidade, porque a dita humanidade não está a combater o aquecimento global. Vai daí, a Mãe Natureza meteu o velho Neptuno a surfar aquela onda gigantesca para castigar o Homem. Os japoneses, ainda por cima, estavam mesmo a pedi-las: comem baleias, constroem muitos carros e vêem pornografia esquisita.
Entretanto, num superior momento de inteligência, a declaração de Nilsson foi apagada do site do CESE. Não faz mal: eu imprimi aquela preciosidade que apenas confirma a crescente religiosidade do ambientalismo europeu. Este fanatismo verde está mesmo a transformar a natureza num deus castigador. (...)
Esta malta diz que está do lado da ciência, mas, como é visível, os seus actos revelam sempre um profundo obscurantismo. Neste sentido, os ambientalistas deviam ter como trabalho de casa a leitura de um livro chamado O Mal no Pensamento Moderno. Nesta preciosidade neo-kantiana (...), Susan Neiman explica que, depois de 1755, Deus deixou de contar para a explicação dos fenómenos naturais. Ou seja, a partir do terramoto de Lisboa, separou-se o mal natural do mal moral. Para nós, aqui em 2011, esta distinção é óbvia. É por isso que conseguimos distinguir Lisboa (1755) de Auschwitz (1945). Mas esta ferramenta mental só estabilizou depois de 1755. E, como é fácil de perceber, esta rutura epistemológica entre Deus e a Natureza foi um dos factores que impulsionou a ciência moderna. Ora, com esta conversa da Mãe Natureza, os ambientalistas estão a recuperar o obscurantismo pré-1755. Ao moralizar a natureza, ao deificar as catástrofes naturais, os ambientalistas estão a perverter o espírito científico. São beatos verdes"