Noruega: Rever a matéria
1. O que se passou na Noruega não apaga, por artes mágicas, o problema da integração das comunidades muçulmanas nas democracias europeias. O que aconteceu na Noruega não pode lançar um novo conjunto de tabus sobre o tema quente da integração dos imigrantes e das políticas que os Estados devem ou não ter para com os imigrantes. Não há temas tabus, com ou sem maluquinhos que vêem a Babilónia na Oslo de 2011. O que aconteceu na Noruega deve levar-nos, mais uma vez, à condenação sem mas de atos terroristas.
São coisas diferentes.
2. Meter a crítica ao multiculturalismo de Merkel e Cameron no mesmo saco dos devaneios do terrorista é, como se diz?, desonestidade intelectual.
3. Na literatura, "Multiculturalismo" não é a existência de uma sociedade com diferentes religiões e etnias. Isso chama-se cosmopolitismo, isso chama-se cidade cosmopolita. E o tal "Multiculturalismo" é a negação do ideal cosmopolita, porque cria leis/direitos para cada etnia/religião, ou seja, cria guetos dentro de uma sociedade que devia ser cosmopolita e não dividida por raças e religiões.
4. A origem do terrorista mudou, mas os termos do debate não.
5. A Fox News & Cia. está a ser para este terrorista branquinho aquilo que boa parte da esquerda europeia tem sido para os Bin Laden: e tal, mas. Sim, pois, mas. Devemos criticar e gozar com os líderes e com a ideologia de extrema-direita da mesma forma que gozamos e criticamos os líderes e a ideologia do islamismo radical.
6. Repetir pela enésima vez: não há choque de civilizações. O islamismo não é o Islão, tal como esta extrema-direita-que-vê-a-Babilónia não é o cristianismo.