Pentelhos, sim senhor
1. Sabem que mais? Gostei dos pentelhos, sim senhor. Porque é isso mesmo que se está a passar. Tal como em 2009, os média estão a fazer o jogo de Sócrates, ou seja, não estamos a discutir os problemas do país. Porra, nem sequer estamos a discutir o documento da troika que assinámos. Pior: toda esta semana foi feita em cima de uma mentira de Sócrates. Está no documento da troika (está em todo o lado, até na OCDE) que Portugal tem de baixar os impostos sobre o trabalho. Sócrates assinou esse documento, e depois mentiu ao país para atacar o PSD "ai, o PSD está a pôr em causa a SS", "ai, o PSD vai aumentar impostos?". E foi preciso Louçã para expor esta farsa. Durante vários dias, nenhum jornalista foi capaz de meter esta verdade à frente dos governantes. É triste, pá.
2. No final disto tudo, os jornalistas portugueses deviam parar para pensar. Porque não estamos a fazer aquilo que o jornalismo deve fazer: limpar o espaço público, meter país a discutir factos e a realidade. Os nossos média, tal como em 2009, estão a contribuir para o ruído, para a não-discussão dos problemas. Ainda ontem, um montão de jornalistas "atacou" Passos com o spin de Sócrates: "então, como pode mexer assim na TSU?". Mas os jornalistas não leram o memorando da troika? É que estavam a fazer aquelas perguntas como se aquele documento não existisse. É patético. Será que vão para o terreno sem preparação e depois limitam-se a ser caixas de ressonância do spin de Sócrates e das redes sociais? Isto é patético.
3. Depois da vergonha de 2009 (MFL a falar da realidade, e os média a desprezar a "velhinha", porque, ora, não passa bem na TV, nem vence debates, pá), eu pensava que isto ia mudar. Estava, como sempre, enganado. Mas o mistério continua na minha cabeça oca: por que razão os nossos média são tão permeáveis ao spin socrático?
4. No dia 4 ou 6 de Junho, vários jornalistas e analistas vão aparecer na TV a dizer que "ah, não se discutiu o essencial".