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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

24
Jan11

2016: António Barreto

Henrique Raposo

 

Coluna de hoje do Expresso online:

 

 

I. Uma matriz começa a desenhar-se: as presidenciais são o festival Sundance da política portuguesa. Nestas eleições, os chamados independentes conseguem fazer mossa nas produções do sistema. Foi assim em 2005 (Alegre), foi assim em 2011 (Nobre). E, para percebermos o espaço que existe para este tipo de candidatura, convém olhar para além dos números destes candidatos. Convém olhar, por exemplo, para os números da abstenção e, sobretudo, para os números dos votos brancos/nulos (um partido muito do meu agrado): 280 mil na eleição de ontem. Este partido branco/nulo é mais importante do que a nebulosa vaga e indefinível da abstenção. Estamos a falar de gente que vai lá dizer "olhem, arranjem-me um candidato em condições" . Fala-se muito na crise da democracia portuguesa e não sei quê. Desculpem, mas tenho de interromper esse choradinho do costume: estas 280 mil pessoas revelam uma enorme responsabilidade cívica e política de um eleitorado em plena maturidade. Aliás, esta gente consciente e descontente pode ser a base de alguma coisa com a capacidade para abrir uma janela de ar fresco dentro do regime.

 

II. Não apoiei nenhuma das duas candidaturas independentes. Alegre não é passível de apoio. Nobre apresentou-se com o habitual populismo anti-político. Uma coisa é criticar este regime, uma coisa é criticar estes partidos. Outra coisa, bem diferente, é adoptar uma retórica anti-política, anti-partidos. Mas é evidente que existe aqui um espaço por explorar. E um bom candidato independente pode ir muito mais longe do que Nobre e Alegre. Um independente com um discurso político sério (por ex.: um discurso sobre a reforma da justiça, que não é o mesmo que pedir "prisão para esses bandidos") pode vencer as eleições presidenciais.

 

III. Olhando à nossa volta, António Barreto é esse ás-de-trunfo que nos falta. António Barreto é o senador da política portuguesa. Barreto pode ganhar a eleição de 2016. Pode, pelo menos, ir à segunda volta com um dos candidatos do regime (Marcelo? Durão? Guterres?). Barreto é independente, sim senhora, mas não é anti-político. E isso faz toda a diferença. Em tudo o que diz e escreve, Barreto apresenta um discurso político irrepreensível. Mais: Barreto é uma das poucas pessoas que pensa a reforma deste regime, desde as leis eleitorais até à justiça. Mesmo que não vencesse, uma campanha com Barreto seria um acto político de grandeza ímpar. Uma janela de ar realmente fresco.

 

 

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