O politicamente correcto está kaput
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IV. Vai haver muita gente a apelidar Merkel de "racista". Mas o "racista" desta história é o pensamento politicamente correcto, que infantiliza constantemente o "outro", ilibando-o de cumprir as regras de uma sociedade livre. Neste debate, convém sempre relembrar as bases do direito cosmopolita: um estrangeiro tem os mesmos direitos e os mesmos deveres de um nacional. Durante décadas, a atmosfera politicamente correcta deu direitos ao muçulmano e, depois, disse-lhe que ele não tinha de cumprir os deveres e as regras. Essa bolha do racismo cor-de-rosa explodiu. Merkel disse o óbvio: "quem quiser fazer parte da nossa sociedade tem de obedecer às nossas leis e falar a nossa língua". Meus amigos, não é possível ter comunidades inteiras que não falam a língua oficial do país onde vivem. Repare-se nisto: "há muita gente a pôr os filhos na escola privada, o que não fariam há alguns anos, porque nalguns sítios, na escola pública, 80% dos alunos não fala alemão" (relato de um cidadão alemão, Público, 24 de Setembro).
V. Merkel está a seguir um critério kantiano, e não "nacionalista". Merkel não está a dizer que x e y têm de rezar ao deus alemão, não está a dizer que têm de cantar o hino alemão, não está a dizer que não podem ter a sua religião. Está a dizer que existe um chão comum, composto por leis e regras, que tem de ser respeitado, seja qual for a religião de x ou y. O desrespeito por esse chão comum tem um nome: barbárie. E o politicamente correcto alimentou, durante décadas, essa barbárie. Mas, felizmente, a barbárie do racismo cor-de-rosa está a acabar.