O engraçadismo pós-moderninho
(...) Para mal dos nossos pecados, este onanismo intelectual saltou do tempo de Camus para o tempo de Judt. Zizek, o Althusser do nosso tempo, é perito nesta charlatanice. Em "A Marioneta e o Anão" (Relógio d'Água) - uma suposta reflexão sobre o cristianismo - vemos Zizek a brincar com os ovos Kinder. Mais: Zizek elabora, vá, a hermenêutica dos ovos Kinder através de citações dispersas de Hegel, Lacan, Marx, entre outros. Tudo se resume a um name-dropping sem sentido, que acaba por ser uma manifestação de humor involuntário. Zizek navega naquele relativismo que transforma tudo em matéria de comédia. É o chamado 'engraçadismo' pós-moderno. E o pior é que este 'engraçadismo', no meio dos risos e das cambalhotas autorreferenciais, acaba por ser perigoso. No século XX, Althusser tentou desligar o marxismo da realidade marxista. No século XXI, Zizek anula a própria realidade num mero jogo de palavras ("Did Somebody Say Totalitarianism?"). Ou seja, a desonestidade de Althusser foi elevada ao cubo por Zizek. (...)