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Clube das Repúblicas Mortas

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29
Jul10

A função pública, ADSE e mea culpa

Henrique Raposo

Cara “Priscila” Rêgo,

(também gosta de cinema australiano?)

 

Em primeiro lugar, não escrevo a pensar na contabilidade das conversões. Não me interessa essa folha do Excel místico.

 

Em segundo lugar, os meus argumentos sobre a ADSE são os mesmos de um ex-ministro da saúde. Mas só uma pergunta: v. está mesmo a comparar a ADSE com os benefícios dados por algumas empresas? Acho que são coisas comparáveis?

Já agora, interessava que o país falasse de uma coisa: a ADSE devia ser alargada a toda a gente. A ADSE devia ser o nosso SNS. Seria mais eficaz para o doente, e poupava dinheiro aos contribuintes. Neste momento, a ADSE é ilegítima, porque privilegia apenas um grupo de pessoas, quando devia abranger toda a gente. Mais: o tal plano de saúde de Obama, aplicado a Portugal, seria mais ou menos isto de que falo – a extensão da ADSE a toda a gente.

 

Depois, eu critico, e muito, a massa salarial da função pública. É só procurar um pouquinho. Até fico tristinho pelo facto de a minha cara “amiga” não ter reparado nisso.

 

A função pública é tão grande e impenetrável que os números variam, minha “cara”: há quem fale em 600 mil, 700 mil e até 900 mil (Expresso, há uns meses). Calculo que a diferença entre os 600 mil e os 900 mil deriva deste facto: há quem tenha vínculo vitalício (600 mil?) e depois, os mais novos, têm recibos verdes (200 mil? 150 mil?). E sabe por que razão há tantos recibos verdes na função pública? Porque os directores não podem renovar os quadros, porque não se pode despedir um funcionário público do “quadro”. E o que sucede é isto (o que sucedia, pelo menos): perante o “imobilismo” (belo eufemismo) reinante, os institutos e afins arranjam os “recibos verdes” para fazer aquilo que devia ser feito pelos funcionários do quadro. O nosso Estado está mesmo cheio de “chicos espertos”.

 

Mas, minha “cara”, tenho a dizer uma coisa: mea culpa. Sim, de facto, perco a cabeça com a função pública. Sim, muitas vezes tendo para a cartoonização do FP. Às vezes, o estilo vence a seriedade. Isto é grave porque estamos num debate que mexe com a vida de milhares de pessoas. Sim, há excesso de FPs. Sim, recebem demasiado. Sim, é necessário dispensar muitos. Mas, quando se fala destas coisas, é preciso ter cuidado no tom, no estilo. Estamos a falar de pessoas, e não números ou uma massa de gente sem rosto. Até lhe digo mais. Há dias, perdi uma noite de sono, porque joguei uma crónica feita para o lixo. A dita crónica “desumanizava” o tal conceito abstracto, a “função pública”. Portanto, até tenho de lhe agradecer. Porque o seu reparo, apesar de pouco fundamento, obrigou-me a desenvolver um mea culpa sobre o tom (não sobre a essência). O tom conta muito, já dizia a minha avó. Este mea culpa que aparecerá algures. Obrigado.

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