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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

30
Jul12

Uma nação de badochas (que exige medalhas olímpicas)

Henrique Raposo

 

 

 

"Lendo uma revista de um hospital da zona de Lisboa, um sujeito fica a saber coisas que parecem saídas de um filme pós-apocalíptico, estilo Mad Max foi à Cozinha: menos de 1% das crianças portuguesas bebe água na quantidade adequada (...) ó 2% das crianças portuguesas come fruta todos os dias. As maçãs e as laranjas, como se sabe, são muito caras e, ainda por cima, deixam um cheiro esquisito nas mãos".

27
Jul12

O Diário de Rentes, que venceu prémio da APE

Henrique Raposo

Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo - O profeta de um Portugal desprezado

 


I. No diário Tempo Contado, Rentes de Carvalho confessa a admiração por um romance de João Ubaldo Ribeiro: Sargento Getúlio, esse fabuloso retrato do sertão brasileiro feito através de um vertiginoso monólogo. Nesse livro, Ubaldo capta o vocabulário das gentes locais, e o dito monólogo é feito com esse vocabulário popular e até com os erros ortográficos e gramaticais. Rentes não tem esta ambição quase etnográfica de Ubaldo, mas também recupera um português antigo, um português telúrico que estava esquecido. Para a geração educada na americanização da linguagem (andar à porrada é bullying; trabalhar é networking), o português de Rentes é quase uma nova linguagem: "monturo", "vou-me a passear pela alameda", "pertinácia", "felizmente chegamos sem empeno", "amesendamos num restaurante", "dia cinzento como o de ontem, mas morrinha em vez de nevoeiro", "no quarto de banho ponho-lhe um esparadrapo","manhã gris, ventosa e tristonha".


II. Um dos elementos que fascina nos livros de Rentes é a presença constante do choque entre Amesterdão (sítio onde vive) e a aldeia transmontana (a sua terra). Um exemplo retirado de Tempo Contado: "na televisão (holandesa) um longo programa sobre orgasmos, técnicas de coito, aberrações, confissões (...) os presentes a discutir com a desinibição que se tornou costumeira (...) recordo como quando me encontro na aldeia se me tornam sensíveis os profundos tabus que lá continuam a envolver a sexualidade. É como se ela não existisse, ao mesmo tempo que as pessoas recebem através da televisão um bombardeio de erotismo. E pergunto-me como deve ser melancólica e frustrante a vivência sexual da minha gente, que por um lado vê a liberdade, mas por outro continua presa a formidáveis cadeias". Um autor com esta amplitude térmica é um feliz achado.

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