25 anos de atraso. Uma geração de atraso. 

(...) Negar isto, ó Henrique, é o mesmo que acreditar no certo e no errado, dois conceitos fora de moda. E eu, pá, como bom pau-mandado, não quero colocar isto em causa. Mas, ante a proibição do debate moral, gostava muito de discutir a questão técnica, a saber: quem é que atira os calhaus? Neste notável sistema jurídico que comprova a alteridade do "outro", quem é que faz de Guilherme Tell do pedregulho? Existem atiradores profissionais de pedras? Ou é a própria família da adúltera que atira os calhaus vingadores? (...)

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/apedrejar-uma-mulher-pa-e-so-uma-questao-de-contexto=f697332#ixzz1iI7QyQCR

No "Sol", reparo que existe um deputado do PCP ainda estalinista, Miguel Tiago. Ok, podem dizer que são todos estalinistas naquela bancada. Pois, mas este nem sequer se dá ao trabalho de meter as luvas. Diz que o governo é "proto-fascista" (reparem no esforço de linguagem, o "proto" dá um ar fino, "proto-fascista" é coisa de deputado, "fascista" é para o maquinista) e que Portas e Passos são "cavalos" da "mafia capitalista". A imagem cavalar revela um talento nato para a metáfora. Mas o melhor fica para o final. O nosso sujeito estalinista diz que "recomeçaram os trabalhos legislativos da burguesia". Eu gosto deles assim. Sem luvas.  

p. 231: "(...) Mas, infelizmente, estas histórias não entram no nosso ADN mental. A nossa narrativa colectiva não permite o encaixe do sucesso português. É triste, mas é verdade: os factos positivos sobre Portugal são factos incómodos para os portugueses. Isto sucede porque a nossa cultura está contaminada pela narrativa queirosiana, que, como se sabe, apena percepciona factos negativos". 

Expresso, 4 Dezembro 2010. 

Contracapa: "Portugal do Avesso reúne as crónicas de Henrique Raposo publicadas no Expresso nos últimos anos (...) Sim, o autor critica impiedosamente o regime e os seus atores, mas também encontra um rastro de esperança para o país. Virando do avesso as narrativas da 'choldra', Henrique Raposo relembra-nos que Portugal, apesar de tudo, não é o Burundi (...)". 

Iranian facing stoning speaks: 'It's because I'm a woman'