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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

19
Out11

Lembrar 2009

Henrique Raposo

Os funcionários públicos que estão agora muito zangados são os mesmos que ficaram muito felizes com o aumento populista de 2,9% (2009)? São os mesmos ou são diferentes? São os mesmos que sorriram com esse aumento enquanto o resto da sociedade já estava em aperto, quando o resto da sociedade já aceitava cortes - a sério - nos salários? São os mesmos ou são diferentes? 

 

19
Out11

Ok, eu explico a parte do "não há dinheiro"

Henrique Raposo
1. A partir de 2013, nós vamos começar a pagar 2.5 mil milhões anuais pelas PPP do engenheiro Sócrates & Lino & Mendonça. Sim, 2.5 mil milhões anuais entre 2014 e 2018. Até 2026, a conta não baixa dos 1.5 mil milhões por ano. E a conta vai até meados do século, e só baixa dos 500 milhões em 2040.
 
2. O corte nos subsídios de natal e de férias do funcionalismo público e pensionistas equivale a uma poupança de "apenas" 3 mil milhões. É como dizia o outro: "então, é fazer as contas".
19
Out11

Vamos lá ver se percebo isto. Onde é que o Presidente esteve até agora? Na Mongólia interior?

Henrique Raposo

Durante anos a fio, Sócrates enterrou o país, e do Presidente só tivemos uma coisa: palavras. Agora, quando alguém começa a tentar resolver a tralha deixada por Sócrates, o Presidente ameaça com actos. Faz todo o sentido, sim senhor. Ser passivo com as causas e agir apenas nos efeitos é digno de um grande político.

 

da série "o funcionário público Cavaco Silva, que por acaso foi o pai do monstro, que por acaso é Presidente, e que por acaso acumula várias reformas, está zangado. Acordou agora".

19
Out11

Mulher-a-dias é direito adquirido, pá

Henrique Raposo

Nos países do sul, coitadinhos, oprimidos pelo norte da Europa, o trabalho é para o preto, e a mulher-a-dias é um direito adquirido (todos os dias). Aliás, o termo correcto da tribo é "sopeira".

Nos países do norte, esses pulhas, que oprimem o sul da Europa, o trabalho é para todos, o trabalho é um orgulho e não uma canseira, e a mulher-a-dias é só 4 horas por semana. Uns estúpidos, é o que é. E ainda por cima têm um parque automóvel bem pior que o nosso. Uns pobres, estes gajos do norte. E nem sequer têm vergonha de meter os filhos em cursos profissionais que garantem logo um emprego. Já viram bem isso? Não querem que os filhos sejam doutores à força. Filhos de sopeiras, estes holandeses, pá.

 

 

Leiam, se faz favor, o mestre Rentes de Carvalho.

19
Out11

Pressupostos para discutir o orçamento

Henrique Raposo

 


 

Coluna de hoje do Expresso online:

 

(...)

 

IV. Portanto, ou saímos dos mercados e assumimos um empobrecimento de 20% a 30% do pais inteiro , ou lutamos para ficar nos mercados assumindo cortes na despesa pública. Como me parece que a primeira opção é inaceitável, o único pressuposto aceitável para a discussão do OE'12 é o seguinte: podemos discutir a natureza dos cortes na despesa, mas não a sua intensidade.



19
Out11

A esquerda precisa mesmo do meu avô

Henrique Raposo

Crónica de 20 de Agosto

 

 

O meu avô e a esquerda

O meu avô, comunista dos quarenta e sete costados, ensinou-me a "desconfiar do Poder" (assim mesmo, com uma maiúscula sublinhada por aquele vozeirão). Para o meu avô, o "Poder" estava nos banqueiros. É verdade que encontrei caminhos distintos do meu patriarca barbudinho, mas acabei por seguir o conselho avoengo: um brutal cepticismo, ontologicamente colado à minha pele semi-alentejana, leva-me a desconfiar de banqueiros e do crédito. E desconfio dos bancos pela mesma razão que desconfio dos partidos: o poder, seja ele político ou financeiro, deve ser olhado de esconso. O céptico, alentejano ou não, nunca baixa a guarda. Neste sentido mui visceral, nunca pedi dinheiro emprestado e, acima de tudo, não gosto de ver o meu país a viver do crédito, fingindo que é um sultanato mediterrânico. É por isso que defendo a imposição de um teto constitucional que limite o acesso de Portugal aos mercados da dívida.

Sendo um esquerdista coerente, o meu avô era ainda mais radical do que eu. Para ele, a constitucionalização do limite da dívida não seria suficiente. Apenas a proibição do acesso aos mercados poderia satisfazer o meu ancião. O mestre Raposo detestava os mercados, logo, queria impedir que Portugal pedisse dinheiro a esse capitalismo global. "Não pedes dinheiro ao demónio quando sabes que ele é o demónio", dizia ele. Devidamente imune ao materialismo histórico, esta teodiceia raposiana era coerente. O Sôr Agostinho não era louco, era apenas coerente com as suas crenças, isto é, queria um Portugal fechado, a viver do que tinha, sem a loucura dos dinheiros emprestados pela "agiotagem", recebendo apenas ajuda dos países amigos, como o Laos ou Coreia do Norte (desculpe, avô, mas já não há a Checoslováquia).

Posto isto, o meu avô não reconheceria a esquerda de hoje, a começar pelo PCP. Os herdeiros de Cunhal são contra a constitucionalização da dívida. O PCP, que devia ser o primeiro a tentar separar Portugal dos maléficos mercados, não quer esta medida. E, para mal dos nossos pecados, o centro-esquerda não parece muito distante desta posição. Quando defendeu o teto constitucional, Luís Amado foi rotulado de "neoliberal" pelo PS. A hipocrisia é notável: de manhã, o dr. Soares & afilhados dizem que o mercado financeiro é o demónio global, o sicário universal dos povos; depois, à tarde, os mesmos socialistas não apoiam a limitação do acesso a esse temível mercado. Então como é? Como é que ficamos? O problema é que a governação socialista depende dos mercados. O problema é que o socialismo local tem sido financiado pelo capitalismo global. Este é, aliás, um dos segredos de polichinelo do nosso tempo: sem os mercados, sem o "capitalismo de casino", a esquerda não sabe governar. A esquerda tem financiado a sua "justiça social" com o dinheiro da "malévola especulação". A crise de hoje representa o corte deste cordão umbilical omnipresente, mas nunca comentado (é segredo, avô). Sem o acesso ao reino das agências de notação, a esquerda está a ficar desorientada, sem bússola. Era por isto que o meu avô não queria a esquerda viciada nos mercados. É por isto que a esquerda precisava de ler as prosas que o grande Agostinho Raposo deixou lá nas terras situadas entre o Sobralinho e a Pouca Sorte.

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