Da série "os governantes socialistas têm memória curta". 

Curioso: na peça, o jornalista não questiona Cravinho sobre o custo das SCUT para os portugueses. Coisa pouca. Esta gente fala da governação como se não tivesse nada que ver com o assunto, como se os últimos 15 anos não tivessem sido dominados pelo PS. Estão fora do poder há 4 meses, e já falam como se fossem anjos caídos de um céu limpinho. Isto não são diferenças ideológicas. Isto é uma questão de clareza moral, isto é, vergonha na cara. Não tarda muito, Sócrates volta para aconselhar a pátria. 

Da série "especificidades da pátria".

O dr. Boaventura é uma caso típico: usa o sistema, e depois vem para a rua dizer que é contra o sistema. E os jornalistas papam isto sempre. Perguntem o dr. Boaventura uma coisa: o observatório para a justiça serve exactamente para quê? E já agora: qual é a taxa de empregabilidade dos cursos do dr. Boaventura?

Coluna de hoje do Expresso online:

(...)

Moral da história? Eastwood ensaiou uma redenção colectiva de um país inteiro. Os fãs fanáticos (peço desculpa pelo pleonasmo) não perdoaram a Eastwood este desvio na ortodoxia. E, de facto, "Invictus" não é comparável às outras obras recentes do mestre. Mas, apesar disso, um fã-sem-manias pode ver aqui um filme honesto sobre o nascimento de uma nação. Até porque é engraçado reparar numa coisa: para fazer um filme explicitamente patriótico, Clint Eastwood teve de viajar uns milhares de quilómetros.

Texto do "Atual" de 8 de Outubro.

O Expresso que ainda está nas bancas vem acompanhado por outro filme de Clint Eastwood: "Mystic River".

Ainda não se vê uma ideia de redefinição do Estado. Pois, pois, isso era o mesmo que falar de despedimentos dentro do Estado, e a malta tem medo disso. Mas eu continuo a achar mais justo o encerramento de organismos (e consequente despedimento de pessoal) do que estes cortes, que apanham toda a gente. Dentro da função pública e dentro dos organismos dependentes do OE, há o trigo e há o joio, e essa selecção tem de ser feita já. Caso contrário, vamos andar de corte em corte.

1. Dá vontade de rir. A esquerda (cá e lá) construiu um Estado Social e uma função pública com base no crédito internacional, junto dos mercados da dívida. Quem avisava que isso era um perigo, ora essa, era tratado de "reacionário" para baixo. Agora, os tais credores, que tanto jeito deram, são uns meros "agiotas". E quem alerta para esta incoerência vital da esquerda, ora essa, é tratado de "neoliberal" para baixo.

2. As esquerdas portuguesas ainda não explicaram uma coisa: como é que querem governar? Vamos deixar os mercados maléficos e governar o país sem acesso ao mercado da dívida? Ok, muito bem, mas digam aos funcionários públicos que, nesse quadro, não perderiam 20% mas 50% do salário. Vamos lutar para voltar aos mercados com preços acessíveis? Ok, mas para isso convinha deixar de lado termos como "agiotas" e o "não pagamos". É que estes termos revelam um bloqueio mental perigoso. É como se a esquerda não quisesse admitir que o Estado Social e o próprio Estado (salários) depende, em grande medida, dos mercados de capital. Mas depende. Não é preciso ter vergonha. É um facto.  

Vital Moreira está revoltado. Porreiro. Agora só tem de se juntar à revolta contra Paulo Campos, José Sócrates, António Mendonça, Manuel Pinho, Teixeira dos Santos, etc. É uma revolta que chega com alguns anos de atraso.