Quando a esquerda está no poder, há que ser liberal.

Quando a direita está no poder, há que ser socialista. 

As opiniões variam consoante a arquitectura do poder. Há que manter a ilusão do ganda maluco, sempre muito crítico do poder. Almoçar todos os dias com o poder, sim senhora, mas depois, na tv, há que manter a pose do "anti-poder", qual anjo cómico caído dos céus, sem qualquer intimidade com os poderes de "Lesboa".  

1. Então é assim: um governo de 4 meses é responsável pelo estado do país. 

2. O que me lixa não são as diferenças ideológicas. O que me lixa é esta desonestidade, esta tentativa de fazer as pessoas de parvas. Pois, claro, o efeito (OE'12) é na verdade a causa desta crise toda, porque, como é óbvio, a causa vem no fim e não no princípio. As verdadeiras causas (OE'05, 06, 07, 08, 09, 10, 11) não interessam para nada, porque falar do passado é estúpido. Pois claro: Sócrates está tão distante como D. Afonso Henriques. Acho até que já vi o túmulo de Sócrates ali na Sé de Coimbra. Juro. 

3. Ver o PS ainda dominado pela desonestidade socrática é uma coisa difícil de engolir. 

4. É difícil virar a página quando a gentinha que levou o país à bancarrota anda por aí, no parlamento, na tv, nos jornais, blah blah, como se fossem anjos caídos do céu, como se isto não fosse o resultado da sua governação que fez tangentes, em várias ocasiões, ao crime de colarinho azul. 

Proteger Sócrates (sempre), gozar com Ferreira Leite (em 2009), criticar, com muita indignação, um governo de 4 meses (agora): eis o caminho do bom comentador português.  

"Por este caminho, o futuro da esquerda é um beco sem saída: muito poder onde ele não serve para nada (a rua) e nenhum onde ele pode servir para alguma coisa (as instituições democráticas)"

Francisco Mendes da Silva

PS: eu só acho que boa parte dos indignados é mesmo uma boa parte de quem ainda vota no BE ou no PAM, ou PAN, ou PANE.

Fazer exigências sem sentido ou realismo? Tudo bem, faz parte. Mas, atenção, existe uma linha na areia que não pode ser ultrapassada: o que se perde nas urnas não se ganha na rua. Esta arrogância moral de uma minoria sobre a "maioria dos otários" já não tem nada de jovem ou do século XXI. É coisa bem antiga, e tem nomes feios. O menos feio é "democracia directa". 

É a chamada minoria silenciosa. 

Óculos Tom Ford e Iphones xpto não são os instrumentos do revolucionário. Não são. Quando ocupou umas herdades, o meu avô tinha, no máximo, uma enxada e uma muda de roupa.