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Clube das Repúblicas Mortas

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29
Set11

Nórdicos

Henrique Raposo
29
Set11

A obsessão do ambientalismo: o Homem, esse pulha

Henrique Raposo

Henrique Raposo, A Tempo e a Desmodo - A obsessão do ambientalismo: o Homem, esse pulha

 

Coluna de hoje do Expresso online:

 

(...)

 

Séculos depois, este ambientalismo é o herdeiro directo dessa mentalidade. Mudou de cor? Sim. A utopia tecnológica deu lugar à distopia ambiental? Sim. Mas a maneira de pensar é a mesma: o Homem está no centro de tudo. O Homem santo do iluminismo deu lugar ao Homem pulha do ambientalismo, mas o Homem continua a ser a causa de tudo. É por isso que - como dizem vários cientistas não-ativistas - os vulcões e as variações do Sol ficam de fora dos modelos climatéricos do costume. Um pouco estranho, não? É por isso que que as vanguardas do ambientalismo procuram explicações antropocêntricas para fenómenos naturais como o tsunami do Japão. Como não toleram a existência de forças superiores ao Homem, como não toleram uma natureza superior ao Homem, estas vanguardas verdes acham que os atos da natureza só podem ser efeitos de uma causa humana. Um pouco anti-científico, não? 



29
Set11

O obscurantismo verde

Henrique Raposo

 

(...) as lunáticas reacções do ambientalismo ao tsunami. Lunáticas, não. Obscuras. Obscurantistas. Por exemplo, com aquela inteligência juvenil que está a marcar o seu crepúsculo, o dr. Mário Soares tentou relacionar a "mão incompetente e desastrada do Homem" com o tsunami. De igual modo, Steffan Nilsson, presidente de um fórum catita chamado Comité Económico e Social Europeu (CESE), estabeleceu uma relação de causa/efeito entre o aquecimento global e o tsunami. Aquele maremoto, diz-nos Nilsson, foi um sinal da Mãe Natureza. Ou seja, o sr. Nilsson acha que a Mãe Natureza está zangada com a humanidade, porque a dita humanidade não está a combater o aquecimento global. Vai daí, a Mãe Natureza meteu o velho Neptuno a surfar aquela onda gigantesca para castigar o Homem. Os japoneses, ainda por cima, estavam mesmo a pedi-las: comem baleias, constroem muitos carros e vêem pornografia esquisita.

Entretanto, num superior momento de inteligência, a declaração de Nilsson foi apagada do site do CESE. Não faz mal: eu imprimi aquela preciosidade que apenas confirma a crescente religiosidade do ambientalismo europeu. Este fanatismo verde está mesmo a transformar a natureza num deus castigador. (...)

Esta malta diz que está do lado da ciência, mas, como é visível, os seus actos revelam sempre um profundo obscurantismo. Neste sentido, os ambientalistas deviam ter como trabalho de casa a leitura de um livro chamado O Mal no Pensamento Moderno. Nesta preciosidade neo-kantiana (...), Susan Neiman explica que, depois de 1755, Deus deixou de contar para a explicação dos fenómenos naturais. Ou seja, a partir do terramoto de Lisboa, separou-se o mal natural do mal moral. Para nós, aqui em 2011, esta distinção é óbvia. É por isso que conseguimos distinguir Lisboa (1755) de Auschwitz (1945). Mas esta ferramenta mental só estabilizou depois de 1755. E, como é fácil de perceber, esta rutura epistemológica entre Deus e a Natureza foi um dos factores que impulsionou a ciência moderna. Ora, com esta conversa da Mãe Natureza, os ambientalistas estão a recuperar o obscurantismo pré-1755. Ao moralizar a natureza, ao deificar as catástrofes naturais, os ambientalistas estão a perverter o espírito científico. São beatos verdes"

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