Tenho lido o seguinte: as críticas de pessoas do PSD à ação do governo é um facto que fragiliza o PSD, a AD e o governo. Não vejo porquê. Se a principal oposição vem do interior do PSD, isso quer dizer que o PS não tem produzido oposição digna de registo. O facto de a direita controlar a ação governativa e a oposição revela uma evidente fragilidade do PS. E essa fragilidade deve-se a vários factores: a herança de Sócrates vai pesar durante muito tempo na cabeça das pessoas, o PS está preso ao programa da troika e, acima de tudo, o PS tem de confrontar um novo eixo de debate em Portugal. Falar em cortes passou a ser o mainstream. Perante isto, aqueles que pedem os ditos cortes (PSD e CDS) vão ter mais audiência do que o PS, que terá sempre mais dificuldade em falar em cortes e na requalificação do Estado.

Coluna de hoje do Expresso online

Em 'As Origens do Totalitarismo' (Dom Quixote), Hannah Arendt diz que, dentro dos sistemas totalitários, a polícia secreta funciona como uma "sociedade secreta" que controla o clima conspirativo necessário à sobrevivência do regime. Bom, a III República não é um regime totalitário, mas as nossas polícias secretas também têm pinta de sociedades secretas: os directores são figuras obscuras que nem sequer são submetidos a audições parlamentares aquando da nomeação. Resultado? As nossas secretas são uma espécie de maçonaria com aventais a dizer "007". Não é preciso ser um John le Carré para perceber que isto cria um ambiente insalubre.

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