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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

28
Ago11

As nomeações e o populismo fácil

Henrique Raposo

1. O que é mau jornalismo? É fazer uma peça que diz assim "ai, o governo já fez 500 nomeações". E pronto. Já está.

 

2. Ora, este valor só tem valor se for comparado com o governo anterior, com os governos anteriores. Os números têm de aparecer em comparação. Quantas nomeações fez Sócrates em dois meses? Mais: importa ir ver ministério a ministério. Todos os ministros atuais foram claros: "cortámos nas nomeações". Portanto, das duas uma: ou os ministros estão a mentir, ou estamos a ser alimentados por um jornalismo populista que não quer fazer o trabalho de casa. E, já agora, boa sorte nessa procura das nomeações do governo Sócrates.

 

3. Nós estamos perante o governo mais poupado ao nível das nomeações e gastos (ex.: Cristas tirou 5 motoristas ao ministério da agricultura. 5, cinco), mas este mesmo governo está a ser castigado pelo nível de transparência inédito que colocou à disposição de toda a gente. Aliás, é extraordinário que os jornalistas que dizem "olhem, olhem tantas nomeações" não façam - depois - o raciocínio lógico: esta transparência é inédita na nossa democracia. Sócrates, Guterres e Cavaco não deixavam ver assim as suas nomeações. E, partir de agora, nenhum governo vai conseguir esconder as suas nomeações. Portanto, no meio deste populismo fácil, Portugal cresceu uns pontos do ponto de vista institucional. Convinha sair da maionese do populismo para perceber estes pormenores.

 

4. O pior de tudo? Este populismo fácil mete tudo no mesmo saco. Claro que o governo tem de fazer nomeações de pessoas de confiança. Chama-se governo. Chama-se governação democrática. Quem ganha nomeia pessoas de confiança. É assim aqui, nos EUA, na França, etc., etc. O problema da Era Sócrates não estava nos gabinetes, mas sim na nomeação de boys sem CV para cargos fora do governo (ANACOM, Instituto do Emprego, etc.). O governo é o governo, e deve ser gerido pelos boys. É lá que eles devem estar. O problema começa quando o governo começa a colonizar o Estado, a administração, as entidades reguladoras, as empresas públicas, etc. Donde as críticas justas à recente nomeação da direção da CGD, o grande erro de Passos a este nível.

28
Ago11

Os ricos (II)

Henrique Raposo

1. À maneira bolchevique, podem roubar toda a riqueza do Amorim. Acho muito bem. Mas lembrem-se de uma coisa: toda a riqueza do Amorim não deve chegar para tapar o buraco da saúde. Atenção: não estou a falar da despesa total e anual do SNS, mas apenas das dívidas do SNS. Para a despesa toda do SNS, acho que era preciso roubar o Buffett ou coisa parecida. E, mesmo assim, esse pote americano só dava para um ou dois anos. E depois? Como era?

 

2. Toda esta conversa é uma forma (mais uma) para desviar a atenção do escândalo da realidade: o estado social, tal como o conhecemos, morreu. Perante a realidade, boa parte das esquerdas continuam a ver uma conspiração das direitas. Esta crise, no fundo, não passa de um efeito da maldade de uns capitalistas, de uns neoliberais, etc. Sem essa maldade, tudo estaria na paz do senhor. Que bom. Como é bom ter um coração puro e progressista e defensor dos pobres e inimigo dos ricos. Também posso ser? Deixam? Vá lá.

28
Ago11

Ai, os ricos

Henrique Raposo

1. Nos EUA, um Amorim deve pagar uns 15% dos rendimentos. No máximo, 20%. Em Portugal paga 45%. Comparar as suas realidades é como coerente, para usar um eufemismo. 

 

2. Era muito mais honesto falar de uma nova tabela mais justa. Um casal que ganhe bem (ex.: 3000 cada) corre o risco de entrar no mesmo escalão de um Amorim. Esta é que é uma discussão séria. Essa conversa dos "ricos" é como a conversa dos "pobres": é um festival de preconceitos.

26
Ago11

Os católicos e a política

Henrique Raposo

 

 

Coluna de hoje do Expresso online:

 

(...)

 

Nesta prosa, intitulada "Pureza de Coração e Vida Política", Lucas Pires afirma que existem duas maneiras de um cristão lidar com a esfera política. A primeira passa por aceitar que os princípios e regras da esfera política são de "outro tipo" e que, por isso, o cristão só deve ter preocupações com a salvação da sua consciência. Ou seja, o cristão deve criar uma redoma à sua volta, retirando-se assim dos debates da Cidade. Nesta via, o cristão julga-se tão puro, que não quer sujar as mãos na realidade. "Sim, sou muito católico, mas não quero nada com a política, são todos iguais".

Como já perceberam, Francisco Lucas Pires critica esta primeira via, e defende uma alternativa.

 

(...)



25
Ago11

Rever

Henrique Raposo

 

Há qualquer coisa de Peckinpah no trabalho de Bigelow. É o prazer de colocar os homens em situações de pressão, de stress, enviados em ambientes fechados. É a grandeza de abordar homens em concreto, deixando de lado o Humanismo típico daqueles-filmes-de-guerra-que-são-anti-guerra. É a segurança narrativa (flui, flui, flui). É contar as coisas através das imagens e do silêncio, e não através dos diálogos. 

 

 

 

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