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Pedro Santos Guerreiro
1. Sócrates devia estar nas galés por causa da sua gestão do BPN.
2. Por que razão este novo governo não ouviu o Montepio? Por que razão negociou directamente com o senhor cavaquista que não gosta das ventoínhas da EDP? O Montepio não queria tudo? O BIC era o único que queria comprar tudo?
3. Passados três anos, continuo sem perceber: por que razão o ex-governo nacionalizou um banco marginal do nosso sistema bancário?
Coluna de hoje do Expresso online:
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Durante anos e anos, os diversos governos protegeram a população da zona de Lisboa. Percebe-se porquê: o circulo eleitoral de Lisboa é o mais importante do país. Devido a essa protecção, as empresas de transportes que actuam na grande Lisboa (no grande Porto deve ser igual) cavaram um buraco financeiro gigantesco. Ano após ano, o país inteiro pagou esse buraco através das tais compensações indemnizatórias. Pessoas de Coimbra, de Aveiro, de Faro, que nunca usaram o Metro, pagaram o dito Metro com os seus impostos. Este esquema tinha que acabar um dia.
Coluna de hoje do Expresso online:
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Depois, há em Camilo uma sinceridade que não encaixa no cinismo queirosiano e, acima de tudo, no cinismo pós-moderno que nos apascenta. Aos olhos do leitor de hoje, os excessos sentimentais das personagens de Camilo são irreais, caricaturais, implausíveis. "Mas então a tipa escolhe ir para um convento em vez de casar com um bonitão rico?", "mas então o tipo saca logo da pistola só porque o outro tentou seduzir a amada?". Estes excessos não são plausíveis aos olhos da ironia pós-moderna. O que é uma pena. Revela uma falta de imaginação. Revela que os leitores de hoje só concebem a existência de pessoas iguais a nós, pós-moderninhos, cínicos e irónicos. A bruteza de sentimentos nobres de Camilo não encaixa numa cultura que só sabe lançar ironia sobre aquilo que é sincero e nobre.
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No fundo, estão aqui em jogo duas visões sobre o nosso século XIX. As actuais gerações veem o século XIX português através dos olhos de Eça. Isto quer dizer que apenas olham para a paz posterior a 1851. E quer dizer que olham somente para os joguinhos retóricos dos salões, para a demanda do tacho, para a comédia parlamentar, etc. É assim o Portugal oitocentista de Eça: inofensivo e a tender para a comédia cínica. Dado que só tem esta grelha de leitura mui queirosiana, o leitor moderno fica perdido na visão de Camilo, essa coisa poderosa que aborda o caos e as guerras anteriores a 1851. Este Portugal camiliano nada tem que ver com a comédia de cobardes retratada por Eça. O Portugal de Camilo não pende para a comicidade branda, pende para a violência. Ali temos as invasões francesas e os bandos de ladrões portugueses que dizimavam os flancos de Junot. Ali temos as guerras civis entre os anti-Cristo (liberais) e os padrecos (miguelistas). Ali temos um país que viveu várias gerações à lei da bala e que, por isso, respira violência por todos os poros. Numa palavra, a nação de Camilo está cheia de portugueses anti-queirosianos: gente dura e pouco branda, gente com paixões sentimentais e políticas que não admitem concessões, gente que aposta tudo, gente que perde ou ganha tudo, no fundo, gente que é a negação dos "vencidos da vida", gente que é a negação dos tais brandos costumes.
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