BE, PCP, Salazar, "mercados"
Para serem coerentes, BE e PCP deviam defender o fechamento de Portugal em relação aos terríveis "mercados" capitalistas da dívida. Ou vais pedir dinheiro ao demónio sabendo que ele é o demónio?
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Para serem coerentes, BE e PCP deviam defender o fechamento de Portugal em relação aos terríveis "mercados" capitalistas da dívida. Ou vais pedir dinheiro ao demónio sabendo que ele é o demónio?
Domesticar a dívida, crónica de Novembro passado.
pp. 259-260
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Como acabámos de ver, a França, com Sarkozy ao leme, transmite um novo sinal político e estratégico aos seus aliados, que pode ser sumarizado da seguinte forma:
“Sempre me pareceu tolo opor a defesa europeia à NATO [...] Precisamos de ambas, porque são complementares e reforçam-se mutuamente”[i].
É por esta razão que Sarkozy é percepcionado como um presidente mais pragmático e menos ideológico, e isso faz com que os europeus atlantistas e Washington encarem com outros olhos os esforços franceses na PESD[ii]. Não por acaso, Washington já começou a mudar a sua posição. Tradicionalmente, os americanos percepcionavam as movimentações europeias/francesas na PESD como movimentações contra a NATO[iii]. Seguindo esta tradição, Nicholas Burns, na condição de embaixador americano na NATO, dizia – em 2003 - que as iniciativas para desenvolver a PESD consistiam a maior ameaça ao futuro da NATO[iv]. Já em Fevereiro de 2008, a nova embaixadora dos EUA na NATO, Victoria Nuland, deixou em Paris a seguinte declaração, que é revolucionária no contexto das relação EUA – França/PESD:
“Pode parecer estranho, um pouco suspeito até, um embaixador americano na NATO vir a Paris dizer que a coisa mais importante que os líderes franceses podem fazer pela segurança global é reforçar e construir as capacidades da UE.” [v]
Na Cimeira de Bucareste, em Abril de 2008, foi o próprio George W. Bush que autorizou a Europa a desenvolver uma presença internacional forte e autónoma.
1. E não se percebe. Ron Paul é, digamos, um Tea Party coerente, sólido, legitimamente libertário. Não anda na maré populista, que, entretanto, passou a ser aquela direita americana.
2. O problema da direita americana de hoje (com ou sem Paul)? É que é pouco de direita. Não é realista, não é céptica, parte de desejos e não da realidade.
pp. 60-61
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Agora, após o choque térmico provocado pela crise de 2008, o mainstream percebeu, finalmente, que o pilar da nossa Era é algo menos telegénico do que o terrorismo apocalíptico: a ascensão das potências asiáticas.
Em 2008, uma série de acontecimentos dinamitou as lentes conceptuais e políticas do velho Ocidente. Em apenas alguns meses, enfrentámos uma crise financeira sem precedentes com o epicentro nos EUA, enfrentámos a Guerra da Geórgia (na qual a Rússia tentou devolver a regra oitocentista da esfera de influência à política europeia), e assistimos ainda ao fausto dos Jogos Olímpicos em Pequim (que dignificaram a modernidade autoritária e anti-liberal). Todos estes factos apontam no mesmo sentido: o declínio estrutural e normativo de um velho Ocidente debilitado perante a pujança económica das novas potências. Mas, atenção, a crise de 2008 não apareceu do nada. A crise de 2008 apenas confirmou – mediaticamente – aquilo que já era evidente há muito tempo.
Como salienta Pascal Boniface[i], a crise de 2008 foi apenas mais uma fase de um processo histórico que já vai longo. O declínio relativo da Europa e EUA e a ascensão estrutural e normativa de Estados não-ocidentais já eram evidentes no final dos anos 90. Para ter o destaque académico e político que merecia, este fenómeno necessitava apenas de um par de eventos e/ou símbolos mediáticos. Em 2008, o poder chinês demonstrado nos Jogos Olímpicos, o regresso ao passado na Geórgia e a queda do Lehman Brothers transformaram-se nos símbolos mediáticos da ascensão asiática e do declínio do velho Ocidente.
Coluna de hoje do Expresso online:
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Os meninos que usam a máquina calculadora são os mesmos que não podem usar o dicionário, ora essa. Aprender vocabulário é uma cena do tempo da outra senhora. A língua materna, composta por "côngrua", "nastro" ou "casquinar", é um obstáculo à escola inclusiva e à tal comprehensive approach do eduquês. Ante Camilo, os meninos, que chegam ao fim do secundário a escrever "sequesso" e "ceclo", ainda apanhavam um torcicolo com a constante ida ao dicionário. Coitadinhos.
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