Crónica de 26 de Março
Antes de olharmos para a frente (já não posso com a conversa do Bloco Central em formato The Biggest Loser, PSD/CDS/PS), temos de olhar para trás, para os erros do passado recente. E não, não estou a falar dos erros económicos (Manuela Ferreira Leite devia andar num andor, qual Cleópatra financeira). Estou a falar de erros políticos e institucionais, que se resumem em duas palavras: governo minoritário (...)
Porque o problema central está na cultura política dos actores políticos, sobretudo nos líderes da extrema-esquerda. À direita, há espaço para uma coligação normalíssima (PSD, CDS). À esquerda, temos esta guerra civil permanente, porque o BCP (Bloco Comunista Português, isto é, BE mais PCP) continua em 1975. Como escrevi aqui há umas semanas, estamos a viver uma situação ridícula para um país que está na vanguarda da UE: em 2011, a nossa democracia continua presa nos caminhos históricos do PREC. E, neste ponto, o BE não pode continuar a ser ilibado das suas responsabilidades. O BE devia ser o parceiro de coligação do PS, tal como os Verdes são os parceiros do SPD na Alemanha. Mas, como se sabe, o trotskismo com phd dos meninos do BE criou um abismo entre PS e BE. Em resposta a isto, temos de desenvolver uma cultura política que não glorifique a irresponsabilidade adolescente dos bloquistas. Quando dão aqueles beijinhos mediáticos ao BE, os jornalistas (que adoram o BE, porque, sei lá, é cool e fixe e tótil e baril) estão a alimentar a cultura política que nos conduziu a este caos. De uma vez por todas, o BE tem de ser responsabilizado pela sua recusa em 'sujar as mãos'. A política não é para meninos virginais que usam um partido para ascender mediática e academicamente (...)