O católico da treta
Coluna de hoje do Expresso online:
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É por isso que a conversão de Frossard é tão forçada, tão patética, tão fingida, tão inverosímil, tão confrangedora. Este homem, ateu e socialista, diz-nos que um dia viu a luz: "são dezassete horas e dez. Dentro de dois minutos serei cristão" (p. 137). E, dentro da sua narrativa, conta logo a seguir a forma como viu o cume divino dentro da Igreja. Um espaço mágico abriu-se para ele, uma espécie de portal à Caça Fantasmas para outra dimensão. Ou seja, tudo se assemelha a um filme de Hollywood, com efeitos especiais e tudo. A fé fica assim concentrada num momento mágico, todo convenientemente fílmico. No final deste filme privado que Deus realizou só para Frossard, o nosso homem sai cá para fora e diz ao amigo que o aguardava: "olha, sou católico".
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