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Da coluna de hoje do online do Expresso:
O PSD é o grande vencedor, e alcançou mesmo uma vitória histórica. Foi quase uma vitória à Cavaco. E é uma vitória histórica por várias razões. Em primeiro lugar, Passos Coelho conseguiu algo inédito em 200 anos de história constitucional portuguesa: pela primeira vez, alguém conseguiu vencer o poder instalado através de eleições. Ou seja, até ontem, o primeiro-ministro no poder nunca tinha perdido esse poder através de eleições (Santana não conta). Foi assim na Monarquia Constitucional e, obviamente, na I República e no Estado Novo. E nesta III República o primeiro-ministro nunca tinha sido derrubado desta forma. Ontem, o país fez história. Em segundo lugar, o PSD vence com um programa claro, ideologicamente separado da esquerda. A CDU não tem razão: o programa do PSD foi discutido. Ninguém pode dizer que "não sabia". Em terceiro lugar, Passos vence contrariando os manuais do "comentário político português", isto é, Passos vence dizendo coisas complicadas e duras. Disse que era preciso acabar com feriados e ganhou de forma clara, disse que era preciso mudar a lei laboral e a TSU, e venceu de forma clara, disse que era preciso mexer na CGD e ganhou de forma clara, disse que não podia prometer nada e ganhou de forma clara. É por isso que a sua vitória representa um governo forte, porque disse o que ia fazer antes das eleições. Dentro da nossa III República, isto é uma novidade.
PS: triste é uma cultura política, triste é uma cultura de comentário que vê num programa político sério uma série de tiros no pé. Passos vence eleições depois de dizer que é preciso cortar nos feriados, um tabu absoluto nesta terra de deus. Pois bem, ouvi e li pessoas a dizer que isso era um tiro no pé. Ora, tiro no pé é ter esta cultura política. Tiro no pé é ter esta cultura de comentário.
Coluna de hoje do Expresso online:
(...)
Agora, o PS tem um caminho ideológico e político para percorrer: quer ser um partido de esquerda moderna, de esquerda liberal à Blair, de esquerda nórdica, ou quer manter a âncora no velho socialismo? Aquilo que assinou com a troika indica a primeira opção. Ou seja, estas eleições podem ser o início de uma mudança histórica no partido central da nossa esquerda.
(...)
Sim, isso mesmo: a curto-prazo, estas eleições determinam uma coligação de direita, mas, a longo-prazo, abrem as portas a uma coligação de esquerda, PS/BE. O radicalismo anti-europeu da extrema-esquerda foi derrotado sem contemplações pelo eleitorado. Esta é a oportunidade para o surgimento de um partido de esquerda com capacidade, e humildade, para fazer coligações com o PS. Se não for o BE, terá de surgir uma coisa nova.
(...)
O CDS cresce - novamente -, e solifica a sua posição bem acima dos 10%. Convém lembrar que os 10.5% de 2009 podiam ser virtuais, podiam ser o efeito Ferreira Leite no eleitorado da direita. Agora sabemos que não é assim. O CDS está a crescer solidamente, sendo, aliás, mais atractivo para os jovens do que o PSD (uma nota a ter em conta).
O governo de Passos pode começar por ver um trabalho do Expresso/economia sobre a forma como o PSD local usou e abusou da criação de empresas municipais. Podem começar o corte exactamente por aí.
, mas as empresas de sondagens têm algumas explicações a dar. Algumas. Até quinta à noite, a atmosfera era de empate técnico.
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