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Coluna de hoje do Expresso online:
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Nos EUA, o pensamento fora da caixa é uma virtude. Em Portugal, é uma blasfémia. Pensar fora da caixa é a coisa que tem menor percentagem de portugalidade. Os portugueses têm uma cultura de instalados e de protecção do statu quo.
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Ora, esta atitude de ir-ver-como-os-outros-fazem-na-prática é raríssima em Portugal. Nós importamos pensamento em abstracto (quase sempre de Paris), mas não vamos ver como é que as outras sociedades são organizadas na prática. E isto gera, como dizia há pouco, um estranho provincianismo. Mais: gera imensas dificuldades de governação. Porque as soluções para os nossos actuais problemas já estão a ser usadas por outros países (a pólvora só se descobre uma vez). Um exemplo: a saúde. Na caixa portuguesa, as pessoas continuam a achar que um serviço de saúde requer necessariamente uma rede estatal de hospitais. Ora, fora da caixa, temos de dizer que não tem de ser assim: um serviço público de saúde pode ser feita por serviços privados. Por outras palavras, o Estado Social deve ser sinónimo de seguro de saúde, e não de burocracias hospitalares. Quando ouvem isto, as pessoas que estão dentro da caixa gritam "neoliberal", "fascista" ou outro insulto que esteja à mão. Na resposta, temos apenas de dizer que isto é a prática corrente em países como a Holanda (ver aqui ) e Alemanha (ver aqui ). E este bloqueio mental também ocorre na educação, lei laboral, lei eleitoral, organização da justiça, etc. etc.