José Manuel Moreira
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José Manuel Moreira
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem é algo que a nossa cultura política devia ter em mais conta. Não é da UE, não pertence à conversa do costume sobre a "Europa", mas é um órgão europeu fundamental para a reforma da nossa República, nomeadamente no campo da justiça. Este Tribunal do Conselho da Europa está ali desde 1959, e nós entrámos para lá em 1976. Em 1998, o TEDH levou com um up-grade fundamental que o transformou num órgão fundamental da construção da Europa (apesar de não ser da UE). Em 2010, no contexto desta crise, dentro da necessidade de refazermos muita coisa, convinha olharmos para lá com mais atenção.
1. Na reunião dos países do euro, Teixeira dos Santos já recebeu outro acertado recado: "olha, já cortaste na despesa, mas agora tens de flexibilizar a lei laboral". Querem um desenho? Quando saiu de Portugal, o anterior director da Auto-Europa, Andreas Hinrichs, afirmou o seguinte ao Expresso: "Portugal precisa de mais flexibilidade laboral". Querem um desenho?
2. É triste: as mudanças necessárias são sempre impostas a partir de fora. A UE e Hinrichs estão apenas a dizer aquilo que um número enorme de liberais portugueses anda a dizer há anos. Há anos. Mas, claro, estes liberais são "neoliberais fascistas", ilegítimos e aquilo que dizem não pode ser seguido. Porém, aquilo que estes agentes perigosos da CIA sempre afirmaram vai agora ser implementado devido a pressões vindas da UE. A UE não é neoliberal fascista? Porque vem da UE, essa flexibilização laboral é "técnica", logo, "inevitável"? Porque razão se aceita x se a origem for externa, mas já não se aceita x se a origem for portuguesa? É o complexo Gramido.
Texto de hoje do Expresso online:
(...)
III. A minha geração, à direita, é demasiado estrangeirada. Os "nossos" autores são sempre estrangeiros. Neste sentido, este livro é um desafio interessante, porque Paulo Rangel tem raízes portuguesas. Sim, Rangel conhece os autores da tradição liberal clássica ou liberal conservadora como Montesquieu. Mas tem raízes portuguesas, que a minha geração devia conhecer mais. Para começar, Rangel tem claras influências do catolicismo progressista da revista "Tempo e o Modo", um dos movimentos que mais contestou o antigo regime. Às vezes, até apetece dizer que Rangel é o Alçada Baptista da política. Porquê? Porque em muitos textos ele aplica aquele carinho, aquela ternura do Alçada. Isso vê-se, por exemplo, na forma como fala do Porto e dos portuenses. Depois, são evidentes as influências do liberalismo conservador de Lucas Pires e do Grupo de Ofir. Um projecto político que dava jeito hoje em dia (e isto não deixa de ser curioso: é um destacado membro do PSD que recupera o legado de Lucas Pires e 'daquele' CDS).
(...)
Coisas que se aprendem na net:
1. Uma pessoa de esquerda pode ser de esquerda.
2. Uma pessoa de direita não pode ser de direita. Tem de ser neutral, analítica. Se for mesmo de direita, está a cometer um pecado: "enviesamento ideológico".
3. Uma pessoa de esquerda pode insultar outra pessoa na boa, porque não está a insultar. Está só a expressar opiniões.
4. Uma pessoa de direita não pode expressar opiniões, porque isso é ofensivo.
1. A redenção pessoal no meio do caos e opressão de um sistema totalitário. É uma fábula? Talvez. E daí? Um filme não é uma lição de história objectiva. Já há documentários sobre a Stasi.
2. Perante um homem a procurar a redenção, o sistema comunista torna-se ainda mais patético. Há quem tenha ódio dos comunistas. Eu só tenho pena.
E, ainda por cima, um actor à moda antiga, que sabe falar através do silêncio.
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