(...) Eu gostava de saber uma coisa: por que razão as televisões não mostram isto? Por que razão os media não falam destas reacções dos povos 'oprimidos' às pretensões das Greenpeace desta vida? É que além de demonstrar a arrogância ilegal do ambientalismo, este caso mostra, ao vivo e a cores, o racismo cor de rosa da esquerda bien pensant. Esse racismo que infantiliza e desrespeita a autonomia do "outro", dos outros povos. Nesta ambiência bien pesant, o "outro" devia estar quieto, e dizer que sim à Greenpeace. Felizmente, o "outro" tem cabeça, e pode mandar à fava o racismo cor-de-rosa dos meninos-ricos-da-Europa-com-complexos-por-serem-meninos-ricos-da-Europa.
Nem de propósito: quando escrevi isto, não sabia do atentado.
"indeed, it is no exaggeration to say that man's admiration of absolute government is proportionate to the contempt he feels for those around him".
Tocqueville, Ancien Régime & the French Revolution
Para desenjoar do habitual "excepcionalismo português" (aquela ideia preguiçosa de que Portugal é sempre a mesma porcaria, que Portugal de 1979 é igual ao de hoje), ler esta prosa da Inês Pedrosa. O título diz tudo: "Um País com Qualidades".
1. PSD e CDS deviam fazer uma AD para enfrentar as próximas eleições legislativas. O país está dominado por uma inércia que reza assim "as mudanças só podem vir de fora" (ler esta irritante declaração de Carlos Monjardino no Jornal de Negócios). É preciso juntar forças para vencer esta inércia. Uma AD antes das eleições seria uma boa resposta da direita a esta inércia. Parece-me que, neste quadro de crise e inércia, PSD e CDS têm muito a perder se ficarem separados. Numa altura difícil como esta, as pessoas gostam de olhar para alguém com força, alguém grande. A AD é essa coisa grande que impõe respeito. Não se trata de dar esperanças de uma vida mais fácil (é deixar isso para o PS). Trata-se de impor respeito, a antecâmara para as mudanças que têm de ser feitas.
2. Sozinho, o PSD até ganha as eleições. Mas ganhar eleições não é o mesmo que conquistar o poder. O CDS, se for sozinho, até pode entrar num governo. Mas estar no governo não é o mesmo que ter poder. O poder conquista-se antes das eleições.
3. Meus amigos, é isto ou é ter o FMI a governar Portugal através do PS.
(...)
Um assunto com esta importância (revisão constitucional), que mexe com a vida das pessoas (saúde e legislação laboral, por exemplo), não pode ser apresentada aos soluços. Uma proposta reformadora com este alcance tem de cair na praça pública com um aspecto sólido e completo. Não pode ser chuvinha-molha-parvos; tem de ser uma enxurrada bíblica.
(...)
E só se conhece uma maneira de preparar um partido para o governo: através da constituição de ministros-sombra. Para conquistar o partido, Passos precisava dos Marcos Antónios e afins. Agora, para conquistar o país, Passos precisa de mais qualquer coisa.