Raposiano, parte II
- Então, estás muito passista.
- Não, brother. O Passos é que está raposiano, ou raposista.
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- Então, estás muito passista.
- Não, brother. O Passos é que está raposiano, ou raposista.
1. Estes "argumentos" de António Arnaut são simplesmente patéticos. Esta pessoa vive onde? Vive num país onde o dinheiro é um acto administrativo? Esta pessoa conhece algum meio de criar riqueza pela simples vontade burocrática? Esta pessoa conhece uma torneira mágica de onde jorra dinheiro para alimentar o SNS? O desprezo pelos factos, o desprezo pela realidade económica e a obsessão com a "beleza moral" dos seus actos (sem nunca pensarem nas suas consequências e efeitos) é aquilo que distingue os nossos queridos socialistas.
2. A arrogância deste gente é incrível. Quem ler Arnaut fica com esta ideia: se não respeitar a vontade do dr. Arnaut, o país entra no fascismo. É Arnaut ou o fascismo. Uma mente tolerante, plural e muito democrática.
Não sei se é para rir ou para chorar. Fazem-se peças sobre as leis laborais. Nessas peças, toda a gente fala: sindicatos, "especialistas", políticos, advogados, etc. Só não vemos ou ouvimos a opinião dos empresários. E depois querem crescimento económico. E depois querem empresas a exportar. E depois não querem as "deslocalizações".
... vai ter uma consequência eleitoral: BE e CDS vão ter problemas. O voto útil vai aumentar. Portas já percebeu isso mesmo. O BE dos drama queen que saem dos estúdios de TV no meio de directos ainda não percebeu isso. E mesmo que perceba, não pode fazer nada: porque o PS vai começar a dizer aquilo que o BE anda a dizer. Aliás, a retórica dos dois partidos já está igual. O PSD está a encostar o PS a uma retórica radical. Óptimo.
Como diz um amigo, o esquerdismo do "Público" está ao rubro. Pois está, e ainda bem. Os jornais devem assumir-se. O "Público" está a assumir-se como o jornal da esquerda. Já não esconde nada. Sem o filtro de JMF, está tudo às claras. Mas podiam ao menos tornar isso explícito: "olhem, nós somos um jornal de esquerda, como o El Pais, Le Monde, etc.". Isso era saudável. Eu continuaria a comprar, porque uma sociedade aberta vive deste choque de opiniões, e muitas vezes prefiro ler aqueles com quem não concordo. Mais: assim, o jornal ficaria melhor. O noticiário deixaria de ser "opinião" dissimulada, porque os jornalistas que já não teriam de mostrar a cada palavra que são de esquerda.
É muito engraçada a atitude do jornalismo político. Passam a vida a dizer que os políticos não enfrentam os "interesses instalados". Mas, quando aparece alguém, como Passos, a pôr em causa esses interesses através de reformas necessárias, o jornalismo político mete o rabo entre as pernas e recua para a defesa dos "interesses instalados". As reacções políticas e corporativas às propostas de Passos revelam os tais interesses instalados que não deixam o país mudar.
Estes são os melhores elogios que Passos pode receber.
Hoje, a Ana Sá Lopes fala em "ultraliberalismo" para classificar as propostas do PSD. Eu gostava de fazer uma pergunta à Ana. A Dinamarca, que tem a lei laboral mais flexível do mundo (mais do que os EUA), também é um terror "ultraliberal"? Os nórdicos em geral têm leis laborais muito flexíveis, crescem muito e têm os melhores estados sociais. Se calhar, as coisas estão relacionadas, cara Ana.
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