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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

23
Jun10

História da III República para estrangeiros amigos que não percebem a "loucura que é a vossa política"

Henrique Raposo
  1. Em 1976, numa época em que se pensava na vitória da URSS na guerra fria, uns senhores pensaram numa constituição assente no princípio da proibição do retrocesso social (aka direitos adquiridos)
  2. A coisa não funciona bem. A economia portuguesa é esmagada pelo peso dos direitos adquiridos.
  3. Não faz mal: o estado pede emprestado lá fora.
  4. Os gajos lá fora começam a ver que os portugueses não são de confiar, porque têm um estado social muito acima das suas possibilidades, e, ainda por cima, são aristocratas e desprezam a ética de trabalho.
  5. Os gajos deixam de emprestar.
  6. E agora? Enterrar 1976, pelo menos a parte da irrevogabilidade dos “direitos”.
  7. A parte sinistra é esta: a República portuguesa, que assenta na irrevogabilidade do “estado social”, foi incapaz de criar um “estado de direito”.
  8. A parte sinistra, II: os portugueses confundem "democracia" com "estado social". A maioria dos portugueses não se importava de viver num Estado Novo com um Estado Social lá dentro. Não querem saber de parlamentarismo e de estado de direito. Querem é saber do seu Estado Social, do seu subsídio, da sua educação paga e da sua saúde paga (com um hospital dentro de casa, se possível). Querem, no fundo, viver num sítio onde tudo é de borla, e onde se vota nos gajos que nos dizem que tudo deve ser à borla. Uma maravilha.
23
Jun10

África do Sul e o Mundo sem Europeus

Henrique Raposo

 

Início do epílogo, pp. 273-274:

 

... A África do Sul tem um Presidente polígamo. Orgulhosamente polígamo, diga-se. Jacob Zuma pertence à tribo Zulu, logo, achou por bem casar-se com três mulheres. O terceiro casamento presidencial causou recentemente uma enorme polémica na Grã-Bretanha e na minoria branca da África do Sul. Mas, apesar destas críticas eurocêntricas, a situação é bem clara: a África do Sul legalizou a poligamia em 1998. Numa espécie de revolta normativa a partir dos lençóis, os sul-africanos re-legitimaram uma prática ancestral que tinha sido ilegalizada pela cultura ocidental ...

Na resposta à recente polémica, um deputado do ANC não podia ter sido mais transparente a este respeito: “vivíamos com leis impostas pelos brancos. Tínhamos de fingir que éramos europeus. Com essa mudança passámos a ter domínio sobre as nossas vidas”. Os europeus podem considerar a poligamia uma aberração, mas os sul-africanos não pensam dessa forma. No passado, os europeus tinham o poder necessário para impor a monogamia como único modelo moral legítimo. Hoje, os europeus não têm esse poder, e, portanto, são forçados a conviver com uma prática que consideram ilegítima. Esta questão da poligamia simboliza, de forma quase cómica, o fim do eurocentrismo, o outro grande paradigma defendido neste livro. Se o mundo pós-atlântico representa a revolta material dos Estados não-europeus, o fim do eurocentrismo simboliza a revolta intelectual e normativa dos actores não-europeus contra a hegemonia intelectual e moral do velho Ocidente. Se o pós-atlantismo actua no mundo empírico, o fim do eurocentrismo remete para o mundo das ideias, das narrativas normativas, dos instrumentos conceptuais que determinam a percepção da realidade.

23
Jun10

É bom ter memória

Henrique Raposo

 

 

Foi este indivíduo que nos colocou no pântano. Foi esta pessoa que, por exemplo, criou o desastre das SCUTs. Em boa medida, a governação de Sócrates consiste em retirar ao país as benesses criminosas dadas por Guterres (excepto na parte das construtoras civis; aí, no eixo Guterres-Vara-Coelho-Sócrates, continua tudo na mesma).

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