Andam por aí bloggers - que até chegam por mail - que só podem estar a escrever directamente de uma sala ali do Júlio de Matos.

42. ... É preciso corrigir as suas disfunções, tantas vezes graves, que introduzem novas divisões entre os povos e no interior dos mesmos, e fazer com que a redistribuição da riqueza não se verifique à custa de uma redistribuição da pobreza ou até com o seu agravamento.

O Bento anda a ler o Boaventura.

35. ... Há que considerar errada a visão de quantos pensam que a economia de mercado tenha estruturalmente necessidade duma certa quota de pobreza e subdesenvolvimento para poder funcionar do melhor modo. O mercado tem interesse em promover emancipação, mas, para o fazer verdadeiramente, não pode contar apenas consigo mesmo, porque não é capaz de produzir por si aquilo que está para além das suas possibilidades; tem de haurir energias morais de outros sujeitos, que sejam capazes de as gerar.

Bento XVI anda a ler as pessoas erradas.

O Papa já ouviu falar em limite de caracteres?

Lopes da Mota tem toda a razão. Lopes da Mota deveria ser a pessoa responsável pela nomeação das pessoas que vão investigar Lopes da Mota. Ele tem toda a razão.

Se todos os economistas fossem assim, eu já não me importaria com o facto de a economia não dar uma pra caixa.

Tenho de começar a meter uma tag nas crónicas e nos posts: "isto é ironia", "isto é sarcasmo".

1.

"7. Depois, é preciso ter em grande consideração o bem comum ... Numa sociedade em vias de globalização, o bem comum e o empenho em seu favor não podem deixar de assumir as dimensões da família humana inteira, ou seja, da comunidade dos povos e das nações para dar forma de unidade e paz à cidade do homem e torná-la em certa medida antecipação que prefigura a cidade de Deus sem barreiras.

2. Em muitos pontos, este texto de Ratzinger faz lembrar o pensamento de outro intelectual alemão: Habermas. Ambos (um com linguagem laica, outro com linguagem religiosa) vivem vidrados na ideia de uma humanidade unida acima das divisões políticas. Ambos sonham com uma humanidade una e pós-política. Se calhar, é normal: são ambos alemães, e o desporto favorito dos alemães é o conceito de humanidade. A cidade de deus de Ratzinger é versão religiosa da Weltinnenpolitik de Habermas (qualquer coisa como "política doméstica mundial"). Ou será o contrário? Se calhar, Habermas é a variação laica dos sonhos do vaticano.

Não tenho problemas com o Papa, e até gosto de católicos. Mas há uma coisa que irrita no Papa: é quando ele se põe a trazer Marx para o Evangelho. Aquilo que o Papa tem dito sobre a - suposta - falta de ética do capitalismo não ficaria mal na colectânea dos summer hits de Francisco Louçã. Não vou aqui desconstruir a falácia antiliberal que está sempre presente na Igreja Católica. Deixo somente uma pergunta: no "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", qual é a parte que o Papa não entende?

Parte de baixo da crónica

Um texto que incomodou José Tolentino Mendonça. Mais tarde responderei a Tolentino, mas, desde já, posso dizer que incomodar é o meu trabalho.