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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

08
Jul09

O esquema mental do tuga

Henrique Raposo

1. Na semana passada, não se falava de outra coisa: a golden share da PT. Esta semana já não se fala do assunto. Zero. Este é um dos problemas de Lisboa: a incapacidade para ficarmos a debater um assunto durante algum tempo. Em Inglaterra, a imprensa ainda está de volta do escândalos dos gastos ilegítimos dos deputados. E vão continuar assim, até as coisas irem ao sítio. Aqui, não. Como indiciava o Pedro Lomba no i, a culpa em Portugal morre sempre solteira. E morre solteira porque nunca estamos o tempo suficiente de volta dos assuntos. Fica sempre tudo à superficie. Vamos sempre atrás da agenda partidária, e não temos uma agenda política para o país.

Ou seja, aconteceu o normal: a polémica da PT caiu apenas  no comentário ‘partidário’, para se fazer o joguinho ‘partidário’ da semana. A questão da PT seria uma oportunidade - mais uma - para uma reflexão política sobre o regime (‘partidário’ não é o mesmo que ‘político’). Mas, aparentemente, ninguém quer isso.

Até que ponto há comentário político em Portugal independente dos partidos? Os comentadores comentam aquilo que os seus partidos querem?

2. A promiscuidade entre partidos e negócios é uma escolha política da nação. Não é o destino de Portugal. Nós podemos mudar isto. O que me parece é que boa parte das pessoas não quer mudar nada. Querem ser apenas “vencidos da vida”. Porque só assim, só aceitando tudo, se podem queixar de tudo. E este queixume – mesmo quando vem de pessoas que vão à ópera – é a identidade básica do português. Oiça ele Quim Barreiros, Ópera ou U2. O queixume, o dizer-se que "isto é uma merda e será sempre uma merda” é o desporto ontológico do português. E é também um desporto preguiçoso.

3. As golden shares funcionam como campos de férias para os reformados dos partidos. Os senhores do PS e PSD vão para as golden shares quando chegam a velhos. O comum dos mortais, quando chega a velho, vai para um lar de idosos, mas, atenção, vai continuar a fazer aquilo que mais gosta: queixar-se de tudo, queixar-se daqueles que vão para os tachos dourados. "Desistir de pensar, desistir de actuar, passar a vida a destinar amargura", eis uma boa maneira de explicar os portugueses aos bifes.
 

08
Jul09

Obama, o conservador (no sentido americano, e correcto, do termo)

Henrique Raposo

“If we want things to stay as they are, things will have to change.” Thus wrote the Sicilian writer Giuseppe di Lampedusa, in The Leopard. This seems to me the guiding principle of the Obama presidency. To many Americans, he seems a flaming radical. To me, he is a pragmatic conservative"

Martin Wolf

 

Tal como aqui defendi, Obama é profundamente conservador na forma como pensa. Em muitos aspectos (política externa, por ex.), é um conservador à moda antiga. A revolução conservadora iniciada em Reagan deve um efeito paradoxal: transformou os conservadores em não-conservadores idealistas. Obama é um conservador como eles devem ser, isto é, como eram antes de Reagan.

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