Grande derrotada da noite
A Mota-Engil, e as demais amantes do TGV e das Otas.
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A Mota-Engil, e as demais amantes do TGV e das Otas.
Primeira: o Bloco Central não está nos planos dos portugueses.
Os três pequenos partidos têm bons resultados. BE subiu para terceira força política. A CDU mantém os seus votos. E o CDS volta a surpreender; parece que quer voltar a ressuscitar. Isto quer dizer que o Bloco Central está a ser rejeitado.
Segunda: vitória clara de Paulo Rangel.
Um semidesconhecido (do grande público) que passou à condição de esperança laranja. Rangel é um político a seguir com todo o interesse. A sua frase “chega de socialismo na sociedade portuguesa” é mesmo muito interessante do ponto de vista ideológico – a parte sempre mais seca da política portuguesa.
Vitória clara de Manuel Ferreira Leite. Algo que deve fazer pensar os “treinadores de bancada partidários” que andam por aí: há uns meses, MFL estava arruinada, diziam esses treinadores, e isto ia ser um passeio para Sócrates. Diziam.
Outra coisa importante para o PSD: se calhar, agora vamos ter um PSD mais unido em redor de MFL. Começa a cheirar a poder.
Terceira: derrota clara do PS e de José Sócrates. Isto é um cartão amarelo-a-cair-para-o-vermelho para o governo. A partir de agora, qualquer grande decisão do governo (ex.: grandes obras) terá, no mínimo, escassa legitimidade, para não dizer mais.
O PS deve estar assustado. Hoje, a questão não é saber se o PS vai ter maioria absoluta ou relativa. A questão hoje é esta: o PS pode perder as eleições para o PSD. E a ideia de um governo PSD/CDS já não é tontice, dado a resistência dos populares.
Quarta: o CDS volta à luta.
Mas os líderes do CDS não devem fazer birra com as empresas de sondagens. O CDS deve é reflectir sobre isto: por que razão as pessoas têm vergonha de dizer em público que são de direita? A culpa não é da empresa da sondagem, esse novo inimigo. A culpa está no facto de as pessoas ainda não sentirem orgulho em dizer que são de direita. O CDS devia combater estes complexos e não as empresas de sondagens.
Quinta: o BE não deve embandeirar em arco.
Muitos votantes de esquerda votaram agora BE, mas – na hora H, no Outono – podem voltar a votar PS.
Sexta: posso estar a fazer demasiada futurologia, mas está aqui o embrião da pergunta para as eleições legislativas: qual será a coligação vencedora em Outubro? PSD/CDS ou PS/BE?
"... for respect for the law is so central to the Western approach to life that many of those who benefit from the security and predictability that it brings hardly think about it..."
O regime está a negrejar.
«... adivinhavam-se nele todas as vocações possíveis, desde vadio até apóstolo».
Machado de Assis, Dom Casmurro
No Público de ontem, ler a crónica de Pedro Mexia sobre Haydn. Tem graça imaginar um Haydn, o homem do círculo, da música harmoniosa, que, de repente, começa aos pulinhos românticos.
Para a "Caipirinha", reescrevi uma crónica da Atlântico. Este texto indica a salvação do Estado Social: o narcotráfico. Fumando umas, podemos salvar a coisa.
A revolução narco-socialista, ou o meu lado esquerdista
Em resposta à crise, as boas almas gostam de falar na expansão do estado social. Estas santas almas esquecem sempre uma coisa: a realidade, a galdéria reaccionária. Peço imensa desculpa, mas tenho de fazer uma pergunta: onde é que está o dinheiro para financiar mais estado social? O Estado já consome cerca de 50% da riqueza portuguesa. Vamos passar a alimentar esse estado com 60% dos nossos rendimentos?
As santas almas nunca respondem a esta questão. Quando se pergunta “onde é que vamos desencantar mais dinheiro?”, as boas almas encolhem os ombros. E encolhem os ombros com uma leveza notável. A leveza é tanta que até já começo a pensar que deve ser mesmo bom fazer parte deste “zen” progressista situado acima da realidade. Para quê confrontar os factos quando existe esse nirvana que é o “ser-se de esquerda”? Ora, se não se importam, se é assim tão bom, eu também quero experimentar esse psicotrópico. Hoje, e só hoje, eu também quero experimentar o que é “ser-se de esquerda”. E, desde já, na minha condição de esquerdista auto-empossado, gostaria de dar um conselho aos socialistas e sociais-democratas portugueses: o narcotráfico é a solução, meus caros camaradas. Sim, o tráfico é a salvação do estado social. Só o negócio da droga tem a capacidade hiperbólica para alimentar o crescimento do estado social português nesta época de estagnação económica e de crise demográfica. Eis, portanto, o meu mote para a esquerda portuguesa: “o Estado Social através do Narco-Estado”. Nesse distinto Estado, teríamos uma Segurança Social sustentada pela cocaína elitista, e o ensino poderia ser alimentado pelo charro adolescente. E a função pública? Bom, essa hidra com 900 mil tentáculos poderia ser mantida pelo tráfico de heroína.
O Narco-Estado português seria uma revolução na história da filosofia política. Até já estou a imaginar os dicionários políticos internacionais a consagrar Portugal como “o pioneiro da revolução narco-socialista”. O tráfico é o futuro. Fumadores de ganza de todo o mundo, uni-vos!
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