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Clube das Repúblicas Mortas

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30
Mai09

Chorar por procuração (ou a pedofilia moralista)

Henrique Raposo

 

Para o livro, adaptei (reescrevi) uma velha crónica do blog da Atlântico. Esta crónica é sobre a relação entre os jornalista-do-directo e o caso Maddie. O que ali escrevi aplica-se ao novo caso do país-que-adora-fazer-pornografia-moralista-com-crianças. É uma espécie de pedofilia moralista. 

 

O caso Maddie revelou que os nossos telejornais já não estão interessados em fazer jornalismo. O negócio central das TVs, neste momento, é a telenovela. E a telenovela dos telejornais tem uma vantagem sobre a novela da Globo: utiliza personagens da vida real. Os jornalistas pegam em elementos do real (duas ou três pessoas) e recriam uma novela virtual à base de emoção e especulação.

Perante o desaparecimento da menina inglesa, os nossos jornalistas não mostraram um espírito jornalístico. A partir daquela pequena vila algarvia, os jornalistas emitiram emoção barata para todo o país. À hora do jantar, a par da dose de batatas e bacalhau, os portugueses receberam a dose diária de sentimentalismo. Não estou a dizer que as televisões deveriam ter ignorado o caso. Não é isso. Claro que este caso merecia espaço nos telejornais. Mas uma coisa é reportar um caso; outra coisa, bem diferente, é especular em cima da emoção do momento sem qualquer base empírica. Sem factos para relatar, os repórteres – ao longo dos infindáveis directos – apenas revelavam a sua emoção pessoal. Era como se os repórteres tivessem em sua posse uma procuração para sentir a emoção de todos os portugueses ali no local do infortúnio. Chorar por procuração, eis a missão auto-imposta das televisões portuguesas.

Este caso revelou, mais uma vez, um país com tendência para entrar em transes colectivos. Estes constantes transes virtuais permitem aos portugueses fugir dos seus problemas reais. Não por acaso, os jornalistas sugaram este caso de forma emotiva, mas nunca fizeram uma reportagem sobre o péssimo funcionamento institucional da PJ. Em Portugal, a emoção dá sempre cinco a zero à razão.

 

30
Mai09

E livros, caro "i"?

Henrique Raposo

Quando apareceu, o "i" dizia que queria competir com o "Público". Tem feito coisas excelentes, mas outras menos boas. Se o "i" quer competir dentro do público-elite, então, por que razão trata tão mal os livros? Não estou a dizer que é preciso fazer um "Y" dentro do "i". Estou apenas a dizer que um jornal de referência não pode resumir a secção de livros a uma página de 8 em 8 dias. Idem para os filmes. Idem para a música. 

30
Mai09

Refundar a Justiça

Henrique Raposo

Começa a ser evidente que o statu quo da nossa justiça e do nosso Ministério Público está errado e tem de mudar. Existem várias alternativas para esta mudança, e essa mudança passa sempre pelo lugar do PGR.

(1) Há tempos, Eanes dizia que o PGR devia ser nomeado pelo Presidente. (2) Medeiros Ferreira afirma que o PGR deve ser eleito directamente pelos portugueses. (3) Existe uma terceira via: o modelo americano, do Attorney General, é um modelo a seguir, isto é, o PGR deveria ser o Ministro da Justiça. O país deveria discutir estas questões; deveria existir um debate em redor destas reformas institucionais na justiça. Mas parece existir uma incapacidade da elite portuguesa para refundar o regime. Preferem andar de escândalo em escândalo; escândalos "pessoalistas" que adiam - até quando? - as reformas institucionais necessárias. 

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