O esquema mental do tuga
Os portugueses não gostem de pensar politicamente. Só se sentem em casa no determinismo, digamos, ontológico. Dizem sempre “Portugal é uma merda”. E esta expressão quer dizer “Portugal é, foi e será uma merda”. É um determinismo que dá muito jeito, diga-se.
É uma tese demasiado fácil. É uma tese que anima uma atitude comum entre os portugueses: “se Portugal será sempre medíocre, por que razão iria eu esforçar-me?”. Ou seja, a suposta insuperável mediocridade de Portugal tem, assim, legitimado milhões de mediocridades individuais. Ao denegrir o país de forma fatalista, o português legitima a sua própria preguiça.
E o problema é que esta preguiça acaba em Badajoz. Os portugueses trabalham bem lá fora. Mais: no final dos anos 60 e inícios dos anos 70, Portugal crescia a 9% ao ano. Portanto, se não se importam, não compro a tese determinista. O problema é com o aqui e agora.