Jojó para mim
- Puto, a tua capa é muito anos vinte.
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- Puto, a tua capa é muito anos vinte.
Em Junho de 2007, publiquei no Público uma recensão do livro de Obama.
Não mudo uma linha do que escrevi, pois o homem tem sido coerente, nomeadamente ao nível da necessidade de apertar as cadeiras na mesa mundial a fim de permitir a entrada de novos membros no clube que manda. A relação transatlântica já não é sinónimo imediato de comunidade internacional.
1. Este livro de Luís Nuno Rodrigues procura ser uma lente neutra e imparcial sobre o fim do Estado Novo e o início da III República. Para quem, como eu, não viveu este período, a publicação destes livros é essencial. São precisos mais.
2. Este Estado Novo onde Costa Gomes operava (um Estado Novo, digamos, tardio) não faz lembrar nenhum daqueles modernos sistemas políticos acabados em ‘ismo’. Ao invés, este Estado Novo faz-me lembrar o ambiente ditatorial da corte dos reis absolutistas.
O Estado Novo, tal como essas cortes do antigamente, girava em redor de intrigas palacianas. A política era a intriga. E o poder de Salazar advinha do facto de ser o único que sabia todas as intrigas, rumores, boatos e segredos. O regime não era uma ideologia ou um sistema institucional. O regime era um permanente equilíbrio alcoviteiro feito por Salazar. Com a queda de Salazar, Marcello não podia segurar o regime, porque o regime era Salazar. Esta fraqueza institucional é bem exemplificada por um dos momentos mais dramáticos relatados neste livro. Costa Gomes era Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e, mesmo assim, recebeu os capitães do MFA (Costa Gomes concordava com as reivindicações corporativas do MFA). Marcello Caetano criticou essa posição. Em conversa com Marcello, Costa Gomes disse que não tinha recebido os capitães em instalações oficiais, mas na sua própria casa. “Ainda pior”, respondeu Caetano; “Ainda pior, não”, replicou Costa Gomes, acrescentando: “Em minha casa, recebo quem quero”. E Costa Gomes, enfrentando assim o Presidente do Conselho, manteve-se no seu cargo. Isto revela a fraqueza institucional de Marcello. E revela o pessoalismo permanente da cultura política portuguesa. Tivemos um regime durante quase meio século que assentava numa única pessoa.
Vi o Rui Tovar no metro. Curvei-me perante o deus pagão da bola.
Aquilo que eu mais gosto nos 100 dias de Obama não tem nada de idealismo, não tem nada do obama-porreirismo que paira por aí. Tem que ver com o regresso do pessimismo realista à Casa Branca. Isto vê-se na forma como a diplomacia regressou. Bush e Clinton tinham aquele idealismo tonto que recusa falar com ditaduras. Ora, política internacional não é um salão de chá onde só falamos com os nossos amigos. Temos também de falar com os pulhas que nunca convidaríamos lá para casa. É preciso falar com o Irão, Cuba, etc. Gosto muito deste obama-bismarckismo.
Fica bem melhor assim: "venho por este mail".
Da contracapa:
"Henrique Raposo é o mais surpreendente colunista do Expresso. A frescura e a irreverência presentes nas suas crónicas, a forma como as aborda, os exemplos que nelas cita revelam que há na sua geração um pensamento muito estruturado e uma enorme vontade de mudança. As suas opiniões devem, pois, a seguir-se com atenção."
Henrique Monteiro
O sôr primeiro ministro deve ler "Areopagítica - Discurso sobre a Liberdade de Expressão" (Almedina). Milton ainda ensina muita coisa a políticos que brincam com a liberdade de expressão
Acabo de saber que vendi dois livros em Almada.
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