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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

28
Mar09

De Sponville a Fonseca

Henrique Raposo

https://www.bertrand.pt/fotos/produtos/9789896252205_1229690099.jpg

 

 

 

 

Em "O Capitalismo Será Moral?" (Editorial Inquérito), André Comte-Sponville diferenciou três ordens de pensamento: a ordem do possível, a ordem da legalidade e a ordem da moral. Usando esta grelha do filósofo francês, percebemos melhor o encanto seco de Rubem Fonseca. No livro de contos "Ela e Outras Mulheres" (Campo das Letras), este escritor brasileiro descreve os homens e as mulheres apenas no campo da possibilidade. Um homem pode ser torturado por dois homens? Sim, é possível. Então, Rubem Fonseca descreve este acto (e outros muito piores...) com uma frieza glaciar. Fonseca descreve actos horrendos, mas nunca adjectiva esses actos, ou seja, nunca entra na ordem moral e na ordem legal.

Os códigos legais e morais - os factores que distinguem o universo humano do universo animal - são aqui abolidos. É esta amoralidade não-humana que transforma Rubem Fonseca num autor fascinante. E reparem numa coisa: Fonseca está no campo da amoralidade e não da imoralidade. Fonseca assume-se como uma câmara que vai filmando o horror como se não soubesse o que é o horror. Fonseca é um extraterrestre que descreve actos humanos sem o conhecimento dos códigos que permitem julgar esses mesmos actos.

A escrita de Fonseca é um notável mundo sem adjectivos.

 

daqui

 

 

 

http://www.livrariaminho.pt/imgLivros/105376.jpg

27
Mar09

Carga pronta metida nos contentores

Henrique Raposo

 

1. Em primeiro lugar, devo dizer que fico mui feliz com este comité de boas vindas preparado pela Fernanda Câncio.
 
2. Em relação ao ponto. Se bem percebi, a Fernanda diz que há miúdos ciganos nas turmas normais. E então? O facto de existirem ciganos nas “turmas regulares” não retira uma vírgula de imoralidade ao facto de existir um contentor cheio de ciganos apenas. Mais: não retira um ponto e vírgula de imoralidade às declarações infelizes da responsável do Ministério ("discriminação positiva") - e este era o ponto de partida da crónica.
 
Mais: nessa “turma especial” – a do contentor – não estão outros miúdos. Estão apenas ciganos. Se fosse uma “turma especial” – com dificuldades de aprendizagem – também teríamos outras crianças não-ciganas nessa turma. Não, não estão ali “pessoas” com dificuldades em aprender; estão ali ciganos separados das outras crianças. Uma medida, aliás, que foi bem aceite pelos pais das crianças ciganas. 
 
3. O problema é este, e convinha ser realista sobre a coisa, sem complexos:  os ciganos só colocam os seus filhos na escola para recolherem prestações sociais. Convinha começar a discussão por aqui. Os ciganos não vêem na escola um sítio onde os seus filhos podem aprender coisas. A escola é um sítio que representa um rendimento mínimo garantido. Ponto. A escola não é um sítio onde a criança cigana vai aprender a fazer aquilo que sonha ser. Porque o pai não deixa. O futuro de uma menina cigana é determinado - à partida - pela vontade do seu pai. Isto, antigamente, tinha um nome: "sociedade machista e opressora". Agora não sei o nome que dão a isto. Será "direitos culturais"? 
 
4. Já agora, a ideia de “turmas especiais” sempre me pareceu um tiro no pé. Colocar todos os alunos com “dificuldades de aprendizagem” na mesma turma pode facilitar a vida aos professores, mas isso representa um péssimo ambiente para os próprios alunos. Ficam estigmatizados logo à partida. É a “turma dos burros e dos mal comportados”. Muita gente vê o seu futuro enterrado no momento em que entra nestas turmas. Na minha escola, tinham o nome de “turmas complicadas”. De forma absolutamente criticável, os professores colocavam todos os alunos complicados numa turma. Era como meter todas as maçãs podres num único cesto. Claro que nesta turma nunca se aprendia nada. Porque a própria formação daquela turma partia do pressuposto de que eles não conseguiam aprender. Aqueles alunos eram mesmo uma carga metida – à pressa – em “contentores”.
27
Mar09

"Que se lixe o PSD"

Henrique Raposo

jazzamemuito15

 

Às 18h, na Rádio Europa, estarei à conversa com Francisco Proença de Carvalho, André Abrantes Amaral e Antonieta Lopes da Costa.

 

Temas de conversa:

 

- O Papa entre a carne e o espírito.

- A nossa crise, que não tem relação com a tal crise do tal "neoliberalismo".

- O provedor e a fraqueza institucional da III República.

- G20 e as burocracias europeias.

 

 

 

26
Mar09

Um país fora do mundo

Henrique Raposo
26
Mar09

Para perceber as "petro-elites" que controlam, por exemplo, Angola

Henrique Raposo
26
Mar09

Sim, pá, sou liberal! Algum problema?

Henrique Raposo

Para reforçar este ponto:

 

Ok, nacionalizem lá os bancos, mas liberalizem o código de trabalho (a recente reforma não alterou nada de essencial). Depois, com todo o denodo, podem também nacionalizar as barbearias [Copyright: Pedro Marques Lopes], mas devolvem as casas aos senhorios, ou seja, acabem com a pornográfica lei das rendas. Mais: nacionalizem o Lucílio Baptista, mas dêem liberdade aos pais na escolha da escola dos seus filhos. Ok, a vida virtual dos bancos precisa de estado, mas a vida real dos portugueses precisa de mercado e de liberalismo.

26
Mar09

O momento Magalhães

Rui Ramos

Já pude apreciar, numa escola primária, a excitação da criançada com a chegada dos computadores Magalhães. Ontem foi a vez da Assembleia da República ter o seu momento Magalhães. Foi comovedor o entusiasmo infantil com que os deputados receberam os seus novos confortos e brinquedos tecnológicos. Falaram de Ítaca, lembraram a quinta do avô, e até se enganaram no nome do arquitecto que lhes fez a casa. É assim: dêem-lhes um computador novo e até os mais sábios e prudentes voltam a ser crianças.

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