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Jul13
O racismo da esquerda
Henrique Raposo
Atlântico, Dezembro 2007
"(...) Hirsi Ali (Somália, n.1969) chegou à Holanda no início dos anos 90, depois de sofrer os mimos da sua cultura natal (excisão genital, violência religiosa, casamento forçado). Estudou política. Entrou no partido trabalhista holandês. Quando as coisas aqueceram (9/11, Pim Fortuyn), Hirsi Ali começou a avisar os holandeses sobre dois factos: (1) o Islão está submerso numa cultura que nega os valores da tolerância; (2) o multiculturalismo holandês, ao recusar integrar as comunidades islâmicas, estava a criar quintas colunas que negam os direitos das mulheres e dos homossexuais. Os colegas de Hirsi Ali classificaram estas posições de «direitistas». Se defender os direitos das mulheres muçulmanas era sinónimo de direita, pois muito bem, Hirsi Ali deixou os trabalhistas e juntou-se aos liberais (como deputada). Porque não é aceitável, diz-nos, elevar «culturas beatas e misóginas para um plano de opções de vida aceitáveis e respeitáveis» (p. 348). Este espírito iluminista de Hirsi Ali chocou com os dogmas da esquerda que defende culturas e não indivíduos: o Partido do Trabalho estava «paralisado pela necessidade de se mostrar sensível às culturas imigrantes e de as respeitar» (p. 296), mesmo quando isso significava rasgar com os direitos individuais (...) o Estado holandês financia a intolerância religiosa (constrói escolas corânicas) e, depois, chama-lhe multiculturalismo (...)"