O outro PC
Atlântico, julho de 2006:
"(...) O PC reina na Academia e nos média desde a contra-revolução cultural dos anos 60. Base ideológica? Uma simples dualidade de critérios: “o Ocidente, os EUA e as empresas multinacionais não podem fazer nada de bom; o mundo em desenvolvimento não pode fazer nada de mau”. [...] É um “marxismo cultural”. O velho marxismo explicava tudo (da traição da mulher do padeiro até ao degelo em Marte) através das relações económicas. Este novo marxismo explica tudo, mas mesmo tudo, pelo sentimento de pertença a grupos culturais, étnicos, sexuais. O motor da história era a luta entre classes. Hoje, dado que o velho motor engripou [...], a história passou a ser movida pela luta entre os tais grupos sócio-culturais. Tradução: o mau-da-fita, outrora o ‘burguês’, é hoje o ‘ocidental’; o herói, outrora o ‘proletário’, é hoje o ‘não-ocidental’. No passado, quando criticava o comunismo, um sujeito era apelidado de ‘fascista’. Hoje, quando critica um não-ocidental, um sujeito é logo apelidado de ‘racista’. Uma táctica brilhante, diga-se (...)"