Hobbes com zombies
O que fascina nesta série, aliás, o que fascina nestes ambientes é o estado da natureza. Os zombies, ou os ETs, ou os motards de Mad Max são o pretexto para a recriação do estado da natureza, a ausência da lei, a ausência do Leviatã. O fascínio que encerram vem daqui. Como o Ocidente já não se lembra do que é uma guerra ou guerra civil, a nossa cultura tem de encontrar outros territórios para ilustrar este medo hobbesiano. É por isso que há tanto filme e série com zombies, ETs invasores (cenário pós-apocalíptico, pós-Leviatã) ou com orcs e elfs (um cenário medieval, ou melhor, mítico pré-Leviatã). Por seu lado, a cultura chinesa não precisa de zombies e orcs. O medo hobbesiano não saiu do mapa mental chinês e asiático e, por isso, boa parte do cinema chinês gira em torno das guerras civis anteriores à unificação e em torno do período de humilhação às mãos de ocidentais e japoneses. Hobbes, meus amigos, é intemporal e universal.