Xaropada com PIB
A primeira vez que vi “O Último Samurai” achei a coisa uma xaropada. Um filme sem sal, quando aquela narrativa poderia ser bem salgada. Este é daqueles filmes bons para ver com a tia esquecida no domingo de Páscoa. “Filho, o que são os samurais?”; “gajos lixados, tia! Gostavam de cortar os mindinhos uns dos outros”.
Certa vez, entre oficiais americanos e diplomatas japonesas, disse precisamente isso: este filme era “cheesy”; além disso, recria uma caricatura do passado japonês. Bom, tenho a dizer que senti um frio na sala. As japonesas transformaram-se numa célula violenta. De repente, uma Yakuza cinéfila lançou-se sobre mim na defesa da pátria, na defesa da “japanese soul”. Como me atrevia a dizer mal de um filme que representava tão bem a alma japonesa? Prometi que voltaria a ver o filme com outros olhos.
Há dias, na TV, voltei a ver o filme. Lamento, mas continuo a achar que é uma xaropada. Se os japoneses gostam disto, se não acham que aquilo é uma caricatura do Japão, então, se calhar, o Japão inteiro é uma xaropada. Uma xaropada com um PIB de 4 triliões de dólares, mas uma xaropada.