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Henrique Raposo
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No dia em que me encontrei com Gudrun – que saiu do ateliê dos grandes projectos da bolha e trabalha agora numa empresa que constrói e arrenda casas a baixo custo –, a notícia dominante era a decisão do Supremo Tribunal que ordenara a revisão em baixa dos juros nos contratos mais arriscados, feitos em moeda estrangeira. “É uma má lição que as autoridades dão, porque recompensam os que mais arriscaram à custa dos mais prudentes”, acusa Gudrun. Thórolfur Matthíasson, professor na Faculdade de Economia da Universidade da Islândia, percebe o problema, mas considera-o inevitável. “Há uma coisa que não se pode esperar numa crise financeira: justiça transversal.” Os mais prudentes pagam sempre a conta.
Matthíasson assistiu a comissão parlamentar de supervisão dos programas de redução da dívida das famílias, elogiados há duas semanas pelo FMI, que recomendou o mesmo rumo a países com dívida privada muito alta e resultante de bolhas de crédito imobiliário (um recado indirecto para Espanha com eco em Portugal). As autoridades começaram por um perdão parcial às pessoas com dívida 110% maior do que o valor da casa, explica. Depois avançaram para moratórias e perdões parciais para quem tinha um empréstimo igual ao valor da casa (obrigando, em contrapartida, as pessoas a venderem todos os activos, excepto a casa e um carro). Ao todo, o Estado já concedeu perdões de dívida e moratórias no valor de 20% do PIB (cerca de 2 mil milhões de euros). “O problema é que as pessoas esperavam muito mais perdões”, lamenta Matthíasson. A dívida de particulares ainda supera em 200% o rendimento disponível (130% em Portugal) e um terço das famílias está em dificuldades para cumprir as prestações.
Bruno Faria Lopes, na Islândia
Henrique Raposo
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