A coesão social não depende da "justiça social", mas sim da "justiça"
Um texto fraquinho sobre um problema realmente pouco importante em Portugal, a ausência de estado de direito. No site da Exame.
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Um texto fraquinho sobre um problema realmente pouco importante em Portugal, a ausência de estado de direito. No site da Exame.
1. Cavaco ontem fez aquilo que, no passado, se chamava "um pronunciamento". No passado, quando o país ainda não tinha bases constitucionais maduras, no passado, quando o país se divertia a fazer golpes de estado, um tipo chegava e dizia aquilo que Cavaco disse ontem: "aqueles tipos não são de confiança". Depois, esse tipo ficava à espera dos seus generais. Nunca chegava a haver guerra civil. Contavam-se apenas as armas. Se tivesse mais armas do que o outro, o tipo ganhava sem disparar um tiro. Cavaco abriu fogo. Deve ir à guerra sozinho. Até porque, estou desconfiado, já não tem generais no coldre.
2. O que isto tem que ver com a política constitucional, com o respeito pelas instituições? Nada. Políticos e jornalistas deram mais um tiro naquilo que já é um cadáver: a III República.
3. Só vejo uma coisa boa no meio desta merda (sim, merda) toda: são estas crises que levam as pessoas a perceber que é preciso mudar o regime, que é preciso refundar o regime, para que exista uma sensação de recomeço. Todos os regimes, de tempos a tempos, necessitam desse recomeço.
4. Isto não é assunto para divisões primárias entre esquerda e direita, isto não é assunto para barricadas, com a esquerda com Sócrates, e a direita com Cavaco. Isto é demasiado importante para isso. Está em causa algo superior ao "direita vs. esquerda".
Na Alemanha, o PSD alemão também perdeu. Convém sempre lembrar que, até prova em contrário, o PSD é social-democrata, ou seja, é de esquerda. Um pormaior que convém sempre lembrar.
Não se passa nada. Amanhã, Cavaco vai dizer que votou PS, e que está tudo bem.
... nos últimos catorze anos, o PS governou durante onze anos e meio. Os números não mentem. Se o país está mal, então isso deve-se sobretudo ao PS.
Da crónica do Expresso: "Sócrates é o réu".
Enviesamentos, Gabriel Silva.
O PSD não é dono da direita, até porque continua a não se assumir como de direita. Os 10% do CDS não resultam apenas do fracasso de MFL. Há ali muito trabalho de Portas e do CDS em geral. O CDS está a apanhar malta nova que nunca voltará PSD. O PSD tem duas saídas: ou trabalha à direita para voltar ao poder, ou passará a ser um peso morto. Não há lugares marcados.
A minha mãe liga-me: "votei na velhinha, e perdi. Sabes que não gosto nada de perder, não sabes? Não voto mais". Depois de pensar no dilema, respondi: "olha, mãe, vota na CDU. Os comunistas ganham sempre, mesmo quando perdem". Prefiro uma mãe comuna a uma mãe que não vota. Estou muito cívico.
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