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Clube das Repúblicas Mortas

Clube das Repúblicas Mortas

25
Jun09

Os outros TGVs (II)

Henrique Raposo

E a energia nuclear? Quando é que há um debate sério sobre isso? Pelo mundo inteiro, a energia nuclear está a ser encarada como uma alternativa verde e rentável para a produção de electricidade. Podem encher os montes portugueses - do Minho ao Algarve - com as ventoinhas da EDP. Mesmo assim, a pergunta permanece: essas ventoinhas valem mais do que um reactor nuclear? Se os portugueses não quiserem o nuclear, têm de estar conscientes do preço desse não: vão ter a luz mais cara. Porque as ventoinhas são bonitas, sim senhora, mas produzem energia cara.

25
Jun09

Os outros TGVs

Henrique Raposo

Não podemos permitir que estas eleições legislativas se transformem num referendo ao TGV. É preciso colocar coisas realmente estratégicas no mapa. Por exemplo, o alargamento da nossa área exclusiva ao longo do Atlântico (que está neste momento, se não estou em erro, a ser discutida na ONU; resulta da exploração do fundo do mar, etc., etc.). Ora, temos meios para explorar e patrulhar tudo aquilo? Temos as atenções focadas nas tecnologias ligadas ao mar? Temos a marinha como prioridade de investimento nas forças armadas? 

24
Jun09

Manuela Ferreira Leite: muito realismo (o que é bom), mas ainda pouca política (o que é mau)

Henrique Raposo

I. Manuela Ferreira Leite está melhor do que José Sócrates. Além de uma nova confiança, bem presente no discurso, MFL tem – neste momento – uma vantagem sobre Sócrates: MFL fala da “realidade”, enquanto JS fala da sua “vontade”. JS diz que tem vontade de fazer obras públicas salvadoras. Mas nesse discurso o PM esquece um pormenor chatinho: a realidade. E, nesta entrevista, MFL puxou o país (e JS) para a dura realidade: o país está endividado até aos cabelos. Não há aqui ideologias. Há factos: a nossa dívida externa passou de 14% do PIB em 1999 para 100% do PIB em 2008. E sobre isto não há escapatória possível. JS não pode fingir que isto não existe, e MFL faz muito bem em relembrar este facto. Fazer o TGV e demais grandes obras implica reforçar o endividamento e, mais ainda, significa tornar o crédito num bem escasso e caro para a sociedade portuguesa.

II. MFL esteve ainda muito bem ao desmontar outro dos argumentos de JS. O PM  costuma dizer que resolveu o problema do défice “que herdou do governo PSD/CDS”. Ora, isto não é bem assim. O grande responsável pela miséria das nossas contas públicas tem um nome: António Guterres, o PM que fugiu das suas responsabilidades em 2002. O desequilíbrio das contas públicas começou aí. A deriva da dívida externa também começou aí. MLF fez bem em relembrar este facto. Tal como fez bem em relembrar o facto de o PS ter governado o país durante 11 dos últimos 14 anos. Se isto está como está, o grande culpado é o PS. Os números não mentem.

 

III. Outro ponto positivo: MFL disse que é possível governar com um governo minoritário. A democracia portuguesa tem de atingir a maioridade e perceber que governar não implica necessariamente a maioria absoluta. Essa coisa do "ou há maioria absoluta, ou há o circo" é, desculpem lá, um grande sinal de salazarismo. Foi com essa conversa que Salazar vendeu a sua fruta podre. Numa democracia madura, pode existir um governo minoritário. Governar é isso: negociar e não impor. 

IV. Mas – aqui é o ponto negativo - ainda não se percebe bem as diferenças políticas entre MFL e JS. Aliás, MFL diz que também gosta de investimento público, dizendo depois que não o pode fazer agora. Ou seja, a diferença entre PSD e PS é apenas uma questão de timing. Isto é poucochinho.

De resto, não se percebe quais são as diferenças entre PSD e PS ao nível da educação, saúde, código laboral, justiça, lei das rendas, etc., etc. Ou seja, tirando o apego à realidade, o PSD não me parece muito diferente do PS. Mais uma vez, a direita prepara o acesso ao poder sem uma política diferente do status quo socialista. O PSD vai entrar no poder não porque é bom, mas porque o PS é mau. E isto é poucochinho. O que vemos são apenas diferenças burocráticas entre PS e PSD. MFL não pode dizer apenas que “vai investir dinheiros públicos de forma diferente de JS”. MFL devia indicar outro caminho, um caminho diferente do PS. MFL devia tentar responder a esta questão: como é que nós podemos crescer sem a alavanca do Estado? O que podemos fazer para que a sociedade portuguesa produza sem ter o Estado como babysitter económico? 

Em suma, MFL tem muito realismo – o que é bom – mas ainda tem poucas políticas alternativas – o que é mau.
 

24
Jun09

PLL

Henrique Raposo

 

 

O meu partido, que está em fase de elaboração do programa de governo: PLL, Partido Libertário e Libertino. Slogans de campanha:

 

Libertinos do mundo, uni-vos!

 

Todos-nós-temos-o-Sade-na-voz.

 

Solta o libertário que há em ti.

 

(Adam) Smith, amigo, o povo está contigo!

 

 

24
Jun09

Os Valores Conservadores de Obama

Henrique Raposo

Crónica do Expresso: Obama é Huntington

 

[...] Além de combater o universalismo que os neoconservadores queriam impor ao mundo, Huntington lutou contra o relativismo que a esquerda multiculturalista queria impor à América. Neste ponto, Obama também é 'huntingtoneano'. Obama simboliza uma América pós-racial. Não podemos definir Obama como afro-americano. Obama é americano. Sem o hífen multiculturalista. E esta destruição do multiculturalismo às mãos de Obama é ainda mais evidente quando observamos o amor do novo Presidente pelos valores tradicionais (patriotismo, Deus, família). Obama está a exterminar o relativismo moral da esquerda, e, ao mesmo tempo, está a disputar os votos conservadores com os republicanos.

O messias negro tem fama de progressista, mas é, na verdade, um portentoso conservador.


 

23
Jun09

O PSD quer ser o quê? Não quero uma avó, quero uma PM

Henrique Raposo

- Consta que o PSD está a fazer o seu programa de governo. Ora, esse programa tem de resolver – de uma vez por todas – o problema de identidade do PSD. O PSD quer ser o quê? Sendo o PS o partido do Estado (os homens são de esquerda, pá), o PSD só faz sentido – e só tinha a ganhar – em ser o partido da sociedade “contra” o Estado. O PSD quer ou não salvar a sociedade portuguesa deste Estado de coisas? Tem ou não coragem de dizer aos portugueses que o facto de o Estado gastar 35 cêntimos de cada euro que produzimos (só em despesas correntes, fora as prestações sociais; com isso chega-se aos 50 cêntimos no bolso do Estado) é uma indecência que já perdeu a graça?

 

- Um manifesto assente na palavra “verdade” não quer dizer nada. Não é um manifesto politico. É uma declaração oca, um abraço que se dá ao eleitorado, dentro da esperteza saloia do “ela é honesta, ele não é”. A carinha séria de MFL não chega. Não chega dizer que MFL é séria, que diz a verdade. Isto não é para escolher um amigo ou, neste caso, uma avó. É para escolher um PM. E neste sentido eu não sei o que MFL quer para o país, a não ser que está contra as grandes obras, e que é séria. É pouco.

 

- O pior que pode acontecer é isto: o PSD pensar que tudo o que é “socrático” é mau. Não é. Uma das coisas que o PSD tem de fazer a sério é algo que Sócrates começou mas não conseguiu (não quis?) acabar: fazer guerra às corporações e sindicatos. Um governo de PSD tem de ser igualmente duro, ainda mais duro, aliás, com as corporações. Se vier agora com a mensagem do diálogo guterrista – por oposição à arrogância socrática – é mau. Se é para isso, deixem-se estar em casa chupando figos.

 

- O PSD vai ter coragem para cortar na despesa do Estado para depois ter margem para uma necessária baixa de impostos? Vai ter coragem de dizer que o Estado não é a Santa Casa? Vai conseguir dizer que o dinheiro é nosso e não do Estado?

 

- Vai fazer uma política educativa realmente diferente do PS? Isto é, vai dar autonomia às escolas públicas (libertando-as das DREN - despedindo os milhares de burocratas do MdE que nunca viram uma escola)? Vai apoiar o ensino privado como deve ser? Vai introduzir a medida mais séria e justa: o cheque ensino?

 

- Na saúde, vai fazer parcerias com outras entidades sem complexos ideológicos? Vai introduzir o cheque-saúde, a medida mais justa (e eficaz) nesta área?

 

- Tem coragem de impor um código laboral realmente ajustado ao nosso tempo? Um código laboral que retire Portugal do fim a lista mundial (mundial) da rigidez laboral? Como é que Portugal pode competir com os outros parceiros europeus (nem sequer falo do resto do mundo) quando joga na 3.ª divisão mundial em termos de flexibilidade laboral? Alguém faz a gentileza de me responder a isto?

 

- vai ter coragem de mudar a lei que possibilita que milhares de boys rosa dêem lugar a mulheres de boys laranja na alta função pública? Se quer dar mesmo um exemplo de “verdade”, então MFL deve abolir isso e impor como regra o seguinte: o acesso aos altos cargos da função pública deve ser feito por concurso público, e as pessoas ficam lá seja qual for o governo. Temos de acabar com o espectáculo pornográfico da dança dos boys nas trocas de governos. O cartão partidário não pode continuar a ser o factor de escolha das pessoas para os cargos. Eu vou votar PSD para que os boys rosas dêem lugar a boys iguais mas de cor diferente? Nem pensem.

 

- Se querem ganhar o poder só por ganhar, se querem ganhar o poder sem dizer as coisas difíceis, então, não vão ter a legitimidade para as fazer quando estiverem no poder. E se o PSD, quando voltar ao governo, não fizer as tais coisas difíceis (salvando a sociedade do estado), se cair no status quo como o PS, então, o PSD nunca mais lá volta, porque será a segunda vez que falha. Não há terceira vez. Até porque, sinceramnte, o regime não aguenta mais este pântano que adia as reformas que têm de ser feitas mas que ninguém faz. É por isso que andamos há 10 anos a divergir da Europa.

 

23
Jun09

Sócrates, o anti-Guterres

Henrique Raposo

 

 

 

 

Crónica do Expresso:

Durante o seu reinado, Sócrates seguiu um lema: ser o anti-Guterres. A teimosia (insuportável) do 'PS Sócrates' foi desenhada para contrastar com a moleza (insuportável) do 'PS Guterres'. E existe ainda outro ponto que distingue Sócrates de Guterres: Sócrates não vai fugir [...]

 

 

 

PS: na foto, o tal menino que arruinou "isto". Ao pé de Guterres, Sócrates é de menor importância para explicar a ruína económica e social do país. Mas o menino socialista-católico, que fugiu em 2002, continua a ter boa imprensa. Porquê? Porque anda a salvar os pobrezinhos do mundo. Cagou em nós, fugiu, mas como é uma Angelina Jolie sem decote tem boa imprensa.

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